quarta-feira, junho 30, 2004

Granel

Agora ainda mais com a renúncia de Durão Barroso e, concomitante mente, com a demissão do governo.
Desde o final de 2003 que a Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja está no centro das polémicas políticas. A nomeação de dois novos administradores da confiança do presidente da Câmara Municipal de Ourique foi o rastilho que incendiou o PSD distrital.
Com a provação do orçamento para 2004, a "nova administração" tratou de aumentar salários, mudar a mobília, comprar carros e uma vivenda que não pode ser utilizada para fins empresariais.
Os pequenos accionistas (presentes) aprovaram e disseram que desconheciam os intentos do Conselho de Administração (em terra de cegos, que tem olho é rei).
E lá se foram os cerca de 400 000 euros do orçamento de tesouraria da EDAB.
Dizem agora as más línguas que a EDAB está sem dinheiro por falta de injecção de fundos de tesouraria por parte do principal accionista que é o Estado. E esse dinheiro está a fazer falta para pagar as compensações indemnizatórtias aos expropriados do projecto.
O que é interessante - e segundo as línguas venenosas - é que os 400 000 euros gastos pelo actual Conselho de Administração em actualizações salarias, mobílias novas e carros novos, quase que chegavam para pagar aos expropriados.
Não pagando aos expropriados, o projecto não anda.
Deve ser por isso que os vôos charter anunciados pelo Secretário de Estado para o início do Verão não chegam.
Ainda a acreditar nas línguas venenosas, as contas da EDAB não apresentam resultados negativos para efeitos fiscais. A ser verdade, tal facto representará um verdadeiro estudo de caso, já que essa realidade contabilística terá sido conseguida com contrapartida em trabalhos para a própria empresa (!!!).
Para deslindar e esclarecer esta nova polémica, nada melhor que publicitar rapidamente o relatório e contas da EDAB, S.A.. De contrário, afigura-se que o próximo presidente do Conselho de Administração da EDAB vai necessitar de uma pré-formação em minas e armadilhas.

Editado em 2004.06.29

terça-feira, junho 29, 2004

COMURB

A Sessão Ordinária da Assembleia Municipal de Beja de 2004.06.28 foi das sessões mais concorridas de sempre. Não é a primeira vez que uma reunião magna de deputados municipais se depara com a presença significativa dos munícipes mas começa a detectar-se um pormenor que pode fazer a diferença: nas Assembleias Ordinárias realizadas nas freguesias comunistas, a participação do público tem sido fraca, contrariamente ao que tem acontecido nas restantes.
É um sinal a levar em consideração já que é conhecida a capacidade mobilizadora do aparelho comunista.
Na cidade, as coisas não terão os mesmos princípios motivadores mas não podemos deixar de registar que o auditório da biblioteca José Saramago foi pequeno para a quantidade de cidadãos que não quiseram deixar de estar presentes, sobretudo porque um dos pontos da Ordem de Trabalhos era a votação da proposta da Câmara Municipal para a adesão a uma COMURB do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral.
Como se sabe, a criação da COMURB tinha sido aprovada em Sessão de Câmara com 4 votos a favor e 3 contra e agora a Assembleia Municipal - de maioria PCP - rejeitou-a por um voto.
Está criado um impasse que não parece ter solução à vista.
Independentemente de tudo o resto, o PCP não tem argumentos de peso que sustentem inequivocamente a defesa uma estrutura administrativa regional do formato COMINTMUN com 47 municípios.
Porém, a oposição também não conseguiu esgrimir argumentos que convencessem da justeza da sua proposta e que sustentassem com clareza e sem margem para dúvidas que a COMURB é a solução para a Administração Territorial de uma região que o é por força de uma identidade indelével que vem do século XIII e não por vontade de uns neófitos arquitectos políticos que se acham detentores de uma intelectualidade esquerdina que encaminham os restantes para a condição de arrebanhados.
O grande drama da solução para a descentralização do poder central é que não se consegue encontrar uma ferramenta geradora de compromissos que não passe apenas pela satisfação das "tropas" cada vez que muda o partido do governo. Efectivamente, a Divisão Administrativa do Território que está em vigor, é a que foi implementada com a reforma de Marcelo Caetano e que consagrou os actuais Distritos, em substituição das Províncias. E ainda funciona.
A III República - até à data - não conseguiu nada de alternativo se afigure eficaz e eficiente e que seja susceptível de obter a adesão dos principais interessados em cada região: os cidadãos.
A participação é, por isso, a grande arma da cidadania e ontem isso ficou demonstrado. Sempre que um assunto de relevância estratégica para a vida dos cidadãos e das suas famílias está em causa, muito mais do que os políticos, o povo procura estar presente para fazer valer os seus pontos de vista.
O Presidente José Manuel Carreira Marques não respondeu às perguntas do público e aproveitou o período regimental reservado para o efeito para tecer considerações políticas dirigidas à oposição relativamente a uma iniciativa do Partido Socialista para mobilizar a população a estar presente. Não só o fez errada - porque não era o momento - como deselegantemente, pois desrespeitou os eleitores por não lhes ter respondido e acusou a oposição socialista de ter sido insultuosa no documento distribuído sem conseguir mostrar onde estavam os insultos (porque não existiam).
No todo, existe um défice muito grande de qualidade nos representantes eleitos pelos cidadãos e este é o principal problema. Impõe-se - nas próximas eleições autárquicas - a concepção de listas de pessoas com competências e capacidades interventoras situadas em patamares de exigência mais elevados, capazes de mostrar serviço. Não pode continuar a ser eleito quem julga que tem direito a sê-lo. Têm de ser aqueles que reúnem pré-requisitos consonantes com estratégias de médio prazo e que podem concretizar com êxito missões e atingir objectivos.
Uma Assembleia Municipal onde predominam deputados municipais "mudos" não pode merecer a confiança dos cidadãos na sua representação.

Editado em 2004.06.29.

Défice genético

Uma organização não governamental portuguesa - a Associação Solidariedade Imigrante - escreveu ao Presidente da República manifestando um pedido de suscitação de inconstitucionalidade da nova Lei da Imigração que brevemente será aprovada pelo Governo.
De facto, outras organizações já se tinham manifestado desfavoravelmente à Lei em causa - cujo texto final ainda não está concluído - como são os casos da Igreja Católica e da Ordem dos Advogados.
Na opinião da ASI, "qualquer política de imigração deve ter como princípio fundamental a dignidade da pessoa humana, proporcionar a efectiva inserção social, cívica e política e assegurar o acesso a uma cidadania plena".
Consideram que está em marcha a instituição da precariedade, permitindo a expulsão do cidadão estrangeiro por razões como o desemprego, a alteração do estado civil, maioridade, convalescença, factos que conduzem à perda do direito de residência e expulsão.
No centro das atenções parece estar um célebre artigo 93º, nº 5.
Esta carta ganha peso adicional na medida em que foi subscrita por individualidades e organizações prestigiadas da sociedade portuguesa, como são o caso da Cáritas, Liga Operária Católica, D. Januário Ferreira, Pedro Bacelar de Vasconcelos, Vital Moreira, entre outros num total de cerca de 500.
A questão é importante num cenário que configura radicalismos conservadores de direita, a propósito da ideia de que todos os males sociais advêm da imigração, ilegal ou não.
Nesta matéria convém não esquecer que Portugal foi um país de forte emigração no final dos anos 50 e até aos anos 70 e que os portugueses, regra geral, sempre tiveram acolhimento minimamente digno nos países para que se dirigiram.
Hoje o nosso país necessita de importar mão-de-obra para determinadas áreas produtivas. Tem défice.

Editado em 2002.09.23 para o programa "Factos e Opini?es da Rádio Voz da Planície.

Dois aspectos relevantes:

O 1? prende-se com o anúncio "levantamento dos controlos aos preços dos combustíveis". O ministro da Economia diz que o Governo pretende eliminar, de forma "regulada", as limitaç?es administrativas aos preços dos combustíveis, diminuindo as margens praticadas e baixando custos para os consumidores.
É sabido que a liberalizaç?o do mercado já está legislada desde os executivos anteriores. N?o tem é sido aplicada no todo nacional. Aqui e ali v?o sendo tomadas iniciativas que chegam a atingir os ? 0,08 por litro de gasolina.
Desta vez o que estará em causa é a libertaç?o do OE dos encargos resultantes do aumento do preço do barril de brendt, resultante da emin?ncia do conflito bélico entre os EUA e o Iraque.
Portugal é, neste momento, o único estado-membro da UE onde existe preço administrativo dos combustíveis.

O 2? aspecto prende-se com a agitaç?o que se vive na economia mundial:
O ? vale agora $ 0,99.
Para as exportaç?es europeias, pode significar um ligeiro abrandamento, já que os compradores que pagam em dólares, pagar?o mais. Mas pouco.
N?o se interiorize que o ? está mais forte; n?o será o caso. O $ é que está mais fraco e esse facto relevante contribui para a paridade do Euro face ao Dólar.

Para a estabilidade económica mundial é positivo que se verifique esta paridade. As oportunidades directas caminhar?o para o equilíbrio entre as duas economias. E as vantagens competitivas da Europa surgir?o dos factores inovaç?o e qualidade que já o eram. Faltava a paz e a unidade que, a pouco e pouco se v?o instalando.
E, estou certo, o mundo será melhor.

Editado em 2002.10.01 para o programa "Factos e Opini?es da Rádio Voz da Planície.
Estamos a assistir ? emerg?ncia de uma nova ordem mundial, orientada por matérias que nada t?m que ver com ideologias ou religi?es.
O século XX viveu o imperialismo, o nazismo e a guerra fria, no continente europeu. Assistiu-se igualmente ? afirmaç?o de uma nova pot?ncia mundial ? a ex-URSS ? n?o tanto pelo dogmatismo ideológico estalinista mas, sobretudo pelo revisionismo de Krutechev.
No século XXI tudo aponta para um desvio do epicentro geo-estratégico para a Ásia Central e ? ao invés do que até agora acontecia ? os alinhamentos dever?o passar a efectuar-se por quest?es civilizacionais ( ocidentais e n?o ocidentais ), com protagonismo da China.
Como os mais atentos saber?o, este protagonismo emergente da China n?o se deveu ? pureza maoista mas sim aos desviacionistas de direita defensores da via capitalista, dentro do próprio Partido Comunista Chin?s.
É, por isso, mais do que provável que a nova superpot?ncia venha a ser a China.
Nesta perspectiva, é também mais do que provável que a coexist?ncia venha a ser conseguida agora entre civilizaç?es rivais e n?o entre blocos e que, no sentido de evitar um conflito catastrófico de grandes proporç?es, será bom que os líderes das influ?ncias civilizacionais n?o intervenham nos assuntos internos das outras civilizaç?es, acomodando-se ?s novas realidades. Tal cenário implicará uma reformulaç?o da representatividade no Conselho de Segurança da ONU, que aliás já começou.
Mas subsiste a quest?o económica do acesso aos recursos e os oportunismos baseados em eventos mais ou menos catastróficos.
No momento presente (2001-2002) assistiremos a uma recess?o seguida de depress?o económica, embora curta. A viragem de ciclo poderá ser conseguida (2004) pelo efeito alavanca da clonagem sobre todas as ci?ncias da vida. Os cidad?os do mundo ligados electronicamente passar?o para mais do dobro em 2005, mas assistiremos ao desaparecimento das dot.com e da dita (que nunca foi) Nova Economia, bem como ao abandono progressivo da web porque, entretanto, novos modelos de comunicaç?o digital integradores dominar?o a vida e o trabalho quotidiano com muito mais eficácia, efici?ncia e segurança.
A correlaç?o de forças dentro da OPEP mudará a favor dos produtores árabes mas com declínio das suas produç?es, por força das alternativas energéticas menos poluentes.
Daí que a luta pela posse de recursos possa alterar-se.
Veja-se o oportunismo das empresas de aviaç?o comercial (entre outras): há muito que a globalizaç?o provocou desgastes violentos na rentabilidade da empresas. Primeiramente, para fazer face ? concorr?ncia, fundiram-se empresas e criaram-se parcerias estratégicas que n?o resultaram. Com organizaç?es gigantes, emergiu a reengenharia para emagrecer os quadros mas n?o resultou. Eis que Osam Bin Laden aparece como salvador, justificando o despedimento de dezenas de milhares de trabalhadores nas principais empresas de aviaç?o comercial dos Estados Unidos e da Europa.

Editado em 2001.10.09 para o programa "Factos e Opini?es" da Rádio Voz da Planície.

Atentados e Crise

Tem vindo a noticiar-se nos media de que os atentados nos Estados Unidos da América do Norte s?o responsáveis pela crise dramática na denominada Nova Economia, sobretudo no sector da exploraç?o da internet, entre outros, claro está.
Bom, a crise ? neste e noutros sectores ? já vinha a anunciar-se desde o final de 2000 pelo que os ataques terroristas de 11 de Setembro (data t?o estranha esta que se repete ciclicamente em situaç?es graves) se afiguram agora como motivo de excel?ncia para os emagrecimentos que se impunham, a começar pela aeronáutica civil que já n?o sabia o que fazer para mandar para casa, pelo menos, 50% dos efectivos.
Regressando ? dita ?Nova Economia?, os analistas afirmam que o panorama actual é desolador, n?o só pelas sucessivas quebras no mercado bolsista, mas também pela quebra de procura por parte do mercado sustentador deste modelo de negócio.
Como já afirmei várias vezes, a Economia é, antes de tudo, um estado de espírito. O mercado ? constituído por pessoas ? tem de acreditar e estar motivado para consumir os bens e serviços oferecidos. Se n?o acredita, n?o consome e n?o investe. Acontecendo este comportamento e mantendo-se, verifica-se o desaceleramento e a recess?o.
No momento presente (2001-2002) assistiremos a uma recess?o seguida de depress?o económica, embora curta. A viragem de ciclo poderá ser conseguida em 2004 pelo efeito alavanca da clonagem sobre todas as ci?ncias da vida.
Os cidad?os do mundo ligados electronicamente passar?o para mais do dobro em 2005, mas assistiremos ao desaparecimento das dot.com e da dita (que nunca foi) ?Nova Economia?, bem como ao abandono progressivo da web porque, entretanto, novos modelos de comunicaç?o digital integradores dominar?o a vida e o trabalho quotidiano com muito mais eficácia, efici?ncia e segurança.
É por isso que os operadores caminham para a concentraç?o; isto é, as grades organizaç?es v?o absorver as mais pequenas.
Brevemente veremos manterem-se os gigantes e o desaparecimento dos mais pequenos. Na Europa tudo indica para a subsist?ncia da T-Online - Deutsch TeleKom, da Wanadoo ? France Telecom e a AOL, única independente europeia.
Tudo o resto desaparecerá.
Como n?o há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe, vislumbra-se que este cenário possa gerar um fenómeno de reestruturaç?o do ?velho continente? e, com essa reestruturaç?o, gerarem-se novos mecanismos de redistribuiç?o de riqueza e geraç?o de novas oportunidades de criaç?o de valor.

Editado em 2001.10.02 para o programa "Factos e Opini?es" da Rádio Voz da Planície.

O Desenvolvimento integrado de Beja

Quando da visita do Sr. Presidente da República ao Distrito de Beja, o Governo apressou-se a garantir a concretizaç?o das infra-estrturas necessárias ao arranque do desenvolvimento económico da regi?o, tendo mesmo o Primeiro Ministro avançado com datas.
Refiro-me ao que está para além do pared?o de Alqueva, ao IP 8, e ? val?ncia civil da Base Aérea de Beja.
Relativamente ao regolfo de Alqueva, sabe-se que a barragem do Pedróg?o n?o avança e que estagnaram as iniciativas para a continuaç?o da instalaç?o dos canais adutores e das estaç?es elevatórias que ir?o abastecer a rede de barragens mais pequenas que, imagine-se foram todas construídas nos finais dos anos 50 e anos 60, em cumprimento do plano de rega para o Alentejo, do Governo de Salazar.
Do todo alentejano, até agora, praticamente só o Concelho de Ferreira do Alentejo está beneficiado com o pared?o, mas porque já tinha sistema de rega instalado. Tudo o resto parou.
Relativamente ao IP 8, as notícias n?o s?o melhores. De facto n?o parece que o arranque da construç?o daquela via fundamental para a ligaç?o do Distrito, desde o Rosal até Sines, esteja para breve. Antes pelo contrário.
Quanto ? BA 11, a cúpula da Força Aérea terá descoberto agora novas raz?es para n?o concordar com o projecto da Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja.
Conclui-se ent?o que as iniciativas do Sr. Presidente da República só foram tidas em conta no momento e que, agora, nada de concreto se consegue obter do poder central.
Isto só acontece porque, ao contrário de outras regi?es, a nossa nunca conseguiu cimentar um loby de press?o para obter respostas do poder político.
E o desenvolvimento continua adiado.

Editado em 2002.09.24 para o programa "Factos e Opini?es" da Rádio Voz da Planície.

segunda-feira, junho 28, 2004

A Bastonada Ibérica

Já n?o nos faltava o défice de coragem de afirmarmos a nossa legitimidade soberana sobre parcelas de território ocupadas por Espanha - e sobre isso já lá v?o quase 2 séculos - como agora termos um Primeiro Ministro que prefere capitular perante uma esfarrapada adjectivaç?o de "lamentável incidente" que o Primeiro Ministro Espanhol rascunhou ao seu homólogo portugu?s.
Cabe-me o direito de pensar que Dur?o Barroso pode ter pago parte da dívida de apoio eleitoral que Aznar eventualmente lhe possa estar parcialmente cobrar por ter vindo a Portugal apoiar a campanha do PSD para as legislativas onde, como se recordar?o, fez consideraç?es onde se denotava uma clara inger?ncia nos assuntos internos da nossa Naç?o.
Devo afirmar a minha solidariedade para com O Sr. Presidente da Assembleia da República que, assumindo em pleno tal condiç?o, n?o olhou para as cores dos deputados injuriados pelas polícias Espanholas - estas a cumprir ordens do Governo de Madrid - e actuou em proporç?o do incidente: suspendeu a preparaç?o da sua visita ?s Cortes Espanholas até obter explicaç?es do executivo do País vizinho, por via da sua homóloga de Madrid, desviando-se de forma inequívoca do Primeiro Ministro.
O Sr. Presidente da República n?o terá ido t?o longe depois de ter recebido as explicaç?es de Madrid através do representante diplomático e a seu pedido. N?o somente por estarem envolvidos deputados portugueses, mas porque Portugal n?o tem tido qualquer atitude parecida para com os milhares de espanhóis que atravessam diária e livremente as nossas fronteiras.
Estamos a falar de cerca de meio milhar de portugueses injuriados pelas autoridades espanholas, ao serem tratados como indesejados.
O Governo de Madrid tem de curvar a coluna e pedir, formal e publicamente, desculpas pelo sucedido. Sem artifícios.
E Portugal - porque os portugueses exigem - tem o direito de saber porque é que é que é menos europeu que os espanhóis.

Editado em 2002.06.25 para o programa "Factos e opini?es" da Rádio Voz da Planície.


Mais uma medida!

O Plano Regional de Emprego veio criar expectativas fortes para os distritos do Alentejo no tocante a oportunidades de emprego.
Dessas oportunidades, as geradoras de auto - emprego e multiplicaç?o do emprego, mediante medidas de política influ?nciadoras da atracç?o de investimento, s?o as que maior ?nfase t?m no documento (RCM n? 8/99, de 9 de Fevereiro).
Dos objectivos prioritários destacam-se o estímulo ao espírito empresarial, a desburocratizaç?o dos processos de criaç?o de novas empresas e incentivo ? ades?o das empresas existentes, ?s medidas de política activa de emprego e formaç?o profissional.
O chamado 2? pilar do PRE - desenvolver o espírito empresarial - faz distinguir o investimento criador de emprego do restante, particularmente (quanto ao primeiro) o que t?m efeito indutor na fixaç?o de jovens (a populaç?o do ensino superior em Beja ronda os 7000).
Esta linha de orientaç?o estratégica visa o combate ? desertificaç?o humana (diminuiç?o da populaç?o residente e activa) e ao envelhecimento do stock genético (n?o há bé-bés em número suficiente para repor as geraç?es).
Neste cenário o Governo, através do MTS, fez publicar a Portaria n? 1122/99, em 29 de Dezembro, criando o FAIA - Fundo de Apoio ao Investimento no Alentejo - com uma dotaç?o (prevista) de 5 milh?es de contos, até 2003. Quer dizer; 5 milh?es a dividir por 3 anos, a dividir por tr?s distritos, a dividir por tr?s centros de emprego no distrito de Beja dará, na melhor das hipóteses, uma média de 185.000 contos por ano, por centro de emprego.
Amendoins.
Mas para que serve o FAIA?
Diz a portaria que para apoiar projectos de investimento que contribuam para a criaç?o ou consolidaç?o de postos de trabalho; contribuir para a qualificaç?o do emprego e para reforçar o tecido económico regional e promover o desenvolvimento económico local.
Podem candidatar-se empresários em nome individual, sociedades unipessoais, empresas individuais de responsabilidade limitada, sociedades por quotas e sociedades cooperativas, desde que devidamente constituídas até ? data da apresentaç?o da candidatura.
Para os técnicos oficiais de contas (TOC) que normalmente acompanham a gest?o das pequenas organizaç?es económicas na nossa regi?o, dois alertas: os promotores elegíveis t?m de possuir estatuto de PME e contabilidade organizada.
Os projectos de investimento elegíveis ter?o de estar integrados nas seguintes secç?es da CAE (Classificaç?o portuguesa das Actividades Económicas):
1. Secç?o D - indústrias transformadoras.
2. Secç?o F - construç?o.
3. Secç?o G - divis?o 51 - comércio por grosso.
4. Secç?o K - divis?es 72, 73, e 74 - serviços ?s empresas.
5. Secç?o N - saúde e acç?o social.
6. Secç?o O - divis?o 93 - outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais.
Poder?o ser especialmente excepcionados CAE's de especial relevância para o desenvolvimento local, se tal for entendido pela Unidade de Gest?o do FAIA.

Editado em 2000.01.26 para o programa "Factos e Opini?es" da Rádio Voz da Planície.

Para 2000?

Gostaria de assistir a algumas melhorias na qualidade de vida urbana, porque a urbanidade se degrada com o desenvolvimento n?o sustentado.
A Cidade (Beja)está a crescer. Muito.
Mas começa a crescer mais depressa do que crescem os mecanismos de regulaç?o e controlo. E quando isso acontece, depressa se instala o vírus da insustentabilidade.
Evidentemente que me sinto satisfeito com o que a Cidade me oferece. Já o comentei anteriormente e mantenho.
No entanto, a ess?ncia humana é isto: querer sempre mais, porque há sempre mais para querer.
Mas existem pequenas coisas - e outras maiores - que representam muito para os munícipes e que estes observam e comentam na loja, no mercado, nas conversas de café, nas tertúlias.
E n?o serve de nada dizer que as iniciativas A ou B s?o um sucesso quando n?o o s?o, de facto. N?o é assim que se conquista a ades?o das pessoas.
Vou concretizar.
O novo sistema de trânsito, em minha opini?o, n?o é bom. Direi mesmo que deveria ser melhor, tendo em consideraç?o o que custou.
Entendo até que a única coisa que se ganhou foram mais alguns espaços de estacionamento que n?o s?o tantos como o que se diz. Pelo menos n?o os consigo ver em número.
Em contrapartida n?o se consegue circular, existem filas enormes ?s horas de ponta e o tráfego é ilógico nalguns locais.
N?o é por alterar a circulaç?o e colocar sinais que a fluidez melhora. É preciso avaliar as vantagens e inconvenientes a priori , fazer diagnóstico das situaç?es a posteriori e corrigir as disfunç?es permanentemente.
A circulaç?o automóvel é como a circulaç?o sanguínea; se existe mau colesterol a mais, o sangue deixa de passar com a fluidez necessária e os tecidos deixam de ser irrigados, podendo conduzir ? morte.
Os sistemas criados pelos humanos s?o exactamente assim, porque s?o criados ? sua imagem e semelhança; isto é, n?o s?o perfeitos.
O sistema de transportes colectivos também n?o está bem. Uma parte em consequ?ncia dos erros imputáveis ao sistema de trânsito, outra imputável ao operador.
Vejamos: levo 15 minutos a percorrer a pé, o trajecto de minha casa até ao serviço. Em contrapartida chego a estar mais de 20 minutos ? espera de autocarro, na paragem mais próxima e a consumir outros tantos para fazer o mesmo trajecto.
N?o existe horário de circulaç?o a cumprir.
As viaturas t?m uma taxa de ocupaç?o baixa.
Consequ?ncia: desisti.
E que dizer das rotundas cujo traçado está sistematicamente a ser corrigido porque, ora n?o passam veículos longos, ora porque o ângulo de viragem de outros, n?o permite o cumprimento desse mesmo traçado.
E dos rebatimentos dos passeios para facilitar a circulaç?o de pessoas com limitaç?es locomotoras que provocam quedas?
Alguns destes rebatimentos já foram corrigidos tr?s vezes. Da última vez os cantoneiros municipais trabalharam ao fim de semana (o que é uma medida muito acertada). Mas as melhorias n?o s?o nítidas.
Gostaria também de poder tomar banho com água quente, de manh? ?s hora de ponta do consumo de água.
N?o. N?o é por falta de gás nem por n?o ter pago a conta dos SMAS. É porque a rede de abastecimento n?o se adaptou ao crescimento urbano.
Existem muito mais consumidores e a rede n?o foi adaptada ao consumo. Quer dizer; n?o podemos fazer passar maiores caudais em colectores concebidos para metade.
O que acontece é que a press?o da rede baixa e baixando esta, o esquentador desliga porque foi concebido para alta press?o.
Mais uma vez n?o houve planeamento que conduzisse a uma reforma progressiva da rede. Também aqui faltou postura pró-activa. E agora, seguramente custará mais de um milh?o de contos, n?o falando dos impactes negativos que as obras acarretar?o.
Nestas quest?es de impactes negativos para os munícipes n?o quero deixar de comentar uma outra situaç?o: a do corte de vias principais, de grande movimento, para permitir iniciativas desportivas e outras.
Porque carga de água se corta sistematicamente a rua da piscina? E a nova Av. Salgueiro Maia?
Será que n?o existem outros espaços para fazer corridas de patins?
E para fazer corridas de automóveis?

Editado em 1999.12.30 para o programa "Factos e Opini?es" da Rádio Voz da Planície.

Beja n?o aproveita as NTI*!

Depois de ter varrido os sítios sobre informaç?o escrita regional, foi a conclus?o a que cheguei.
Considero que só existem vantagens competitivas na criaç?o de uma página, preferencialmente interactiva.
E um jornal regional passa a estar no mundo. A viajar em lapsos de segundo nos feixes de satélite. A chegar a toda a gente sem portes. A divulgar a vida económica e social da regi?o pelos que a n?o conhecem. A chegar ao coraç?o dos que est?o longe.
A miss?o de um órg?o de comunicaç?o social regional também passa pela promoç?o da sua área de influ?ncia no exterior. Por criar mercado fora das fronteiras geográficas. A catapultar os agentes económicos seus clientes e patrocinadores.
Entretanto - porque se abre aqui um outro nicho de mercado - porque n?o explorar uma nova actividade
promocional para as empresas, completamente diferente da publicidade tradicional e muito mais apelativa e a custos de produç?o mais baixos?
Porque n?o criar um SABE (serviço de apontadores de Beja), um NETPAX, um NETBEJA, etc., com ligaç?es aos outros sítios de maior tráfego?
O jornal pode ser o mesmo: o que se imprime e o que está na net.
Mas também pode ser diferente. Por exemplo, o jornal impresso pode ser semanal e o da net ser diário.
É que o jornal digital, praticamente só custa dinheiro na primeira ediç?o. As outras t?m como encargo a equipa de trabalho redactorial e a equipa de construç?o da página. Até essas podem ser as do quadro normal do jornal. Mas também pode gerar novos postos de trabalho auto-sustentáveis. E existem apoios ? criaç?o de novos postos de trabalho.
Que dizer da operacionalidade da execuç?o e da rapidez com que se actualizam notícias até ? hora da impress?o?
E a revoluç?o que tal implica no comportamento das diferentes publicaç?es?
Reparem que, de Setúbal para norte (com predominância do Norte), s?o inúmeras as publicaç?es regionais que est?o na net.
Do Alentejo (todo ele) apenas uma publicaç?o do norte alentejano, com alguma qualidade apelativa mas denunciadora de uma certa falta de objectividade. N?o se percebe a miss?o.
Depois existe um sítio designado de Alentejo Notícias. Abri logo!
Que frustraç?o!
N?o há qualquer notícia. Somos encaminhados para uma BBS americana, em brasileiro (portugu?s da América do Sul), para subscrevermos e, querendo, obter um endereço electrónico.
E só volta a haver informaç?o relativa ao Algarve.
Também na net, Portugal tem um buraco no meio (salvo seja).
Onde raio andará o projecto Alentejo Digital que nunca mais dei por ele?
Tenho de admitir assistir-nos uma pequenez endémica. Grandes no tamanho (relativamente), pequenos nas ideias e na ambiç?o colectiva.
Para aquelas (as idéias), existem concursos com prémios para as melhores. Poderá, no entanto, haver alguma preocupaç?o a situar nos avaliadores, mas isso é outra abordagem. Para além disso, quem tem grandes ideias regista-as e vende-as; n?o as submete a concursos.
Mas também se olham as boas ideias com desdém, porque n?o s?o as nossas. S?o as dos outros. Recalcamentos resultantes do síndroma da mediocridade.
Relativamente ?s dos outros ( as ideias dos que representariam a pequenez), alguém disse que as boas (as ideias) n?o eram originais e as originais n?o eram boas (as deles).
Que cenário t?o actual, meu Deus.
Quando as ideias surgem, consistentes e boas, com probabilidade elevada de concretizaç?o, que colhem inclusivamente apoio do poder, organiza-se a pompa e prepara-se a circunstância.
O problema está na concretizaç?o. Tal como no futebol, também aqui temos lacunas.
Existem factores de conting?ncia ao nível das equipas e do planeamento estratégico que a impedem.
Os sistemas de comunicaç?o e informaç?o est?o a mudar. Para 2000 desenrolam-se cenários que pareciam virtuais no âmbito das ci?ncias da computaç?o. O poder vai democratizar-se ainda mais, chegando de novo, em fecho de circuito, ?s m?os de quem o detém em primeira m?o: cada um de nós.
Vence quem possui o conhecimento e a informaç?o. Acompanha quem consegue apanhar o combóio. Perde quem calça as pantufas.
Podem, porém, estar a desenhar-se novas formas de controlo sobre as pessoas e nessa perspectiva, cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a doentes.
Por isso, Baixo Alentejo para a net, já e em força!

*Novas Tecnologias de Informaç?o.

Editado em 1999.11.23 para o programa "Factos e Opini?es" da Rádio Voz da Planície.

Bola de Neve

Bola de Neve.

Em processo de substituiç?o de Governador, o Banco Central (Banco de Portugal) alertou para o risco do agravamento do défice orçamental (receitas n?o cobrem as despesas), já para 2000.
Acontece que o compromisso de Portugal para com a Uni?o Europeia é que o défice orçamental n?o ultrapasse os 1,5% do Produto Interno Bruto e, na óptica do B.P., a manter-se o crescimento que se verifica nas despesas correntes do Estado, tal meta dificilmente será atingida.
Como se sabe, o défice orçamental tem vindo a reduzir-se em resultado de dois factores positivos: por um lado, o desempenho da Administraç?o Fiscal melhorou significativamente, melhoria que se traduziu no aumento do encaixe do Tesouro (o fisco n?o cobra mais; cobra melhor por via do aperto da malha); por outro lado, as despesas com juros da dívida pública tinham vindo a diminuir em resultado do progressivo esmagamento das taxas de juro (que agora subiram).
Foi com este cenário que se compensou o aumento da despesa das Administraç?es Públicas.
A conjuntura muito favorável de que beneficiou Portugal até agora, n?o irá continuar, no mínimo, t?o favorável.
Quanto aos juros da dívida, n?o irá continuar a reduç?o; antes pelo contrário (digo eu).
Os factores que levaram ? integraç?o no pelot?o da frente da moeda única, bateram no fundo.
A evoluç?o do desempenho do fisco está a atingir os limites do controlo possível ? evas?o fiscal, nos termos actuais, o que evidencia uma diminuiç?o efectiva da capacidade de gerar receitas por esta via.
Na hipótese da reduç?o das despesas correntes por parte do Estado, verificar-se-á uma reduç?o do encaixe em impostos indirectos, na medida em que tal cenário constrangerá o crescimento do PIB, representando uma travagem no dinamismo económico.
A avaliar pelas declaraç?es do Ministro Pina Moura, no próximo ano vai mesmo verificar-se um corte nas despesas de funcionamento (excepto pessoal) e uma reduç?o nos benefícios e incentivos. Concomitantemente, irá ser dado um impulso ? t?o desejada e prometida reforma fiscal (esperemos que a traduç?o n?o seja aumento da carga fiscal).
A verificar-se uma maior equidade na atribuiç?o de subsídios e apoios em geral, iremos assistir a uma desaceleraç?o da economia e, particularmente, das economias de regi?es deprimidas e subsidiodependentes, como é o caso da nossa.
E o desemprego subirá, ainda que pouco.
Mas baixará a inflaç?o.
Isto significa que, ao fulgor do último ano de exercício do anterior executivo, sucede-se um primeiro ano de acç?o do novo elenco em que poderá ser palavra de ordem, a racionalidade económica, traduzida na contenç?o da despesa pública, genericamente falando e do consumo privado.
Ambas as situaç?es culminam na travagem do crescimento económico com repercuss?es no emprego e no rendimento das famílias.
Convém n?o nos esquecermos de que, sempre que se verifica uma subida da taxa de inflaç?o, a tend?ncia é para ir ? carteira do consumidor, responsável máximo por tal tragédia.
Como é que se faz?

Editado em 1999.11.16 para o programa "Factos e Opini?es" da Rádio Voz da Planície.

O factor "Q"

Cada vez mais se fala dele; notamos a sua aus?ncia, ainda mais do que a presença. Sentimo-lo ou n?o. N?o nos contentamos quando nos apercebemos de que a sua exist?ncia é nula ou se situa abaixo dos parâmetros de sensibilidade que para ele temos como refer?ncia.
N?o s?o apenas as organizaç?es - sejam quais elas forem - que dele carecem (ou n?o). Tudo o que existe na sociedade humana é criado, desenvolvido, mantido e terminado por pessoas.
Vejamos: quando abordamos um Serviço Público quase que instintivamente nos dirigimos ao atendimento com algumas pedras na m?o porque é suposto prever-se um retorno complicativo da vida do utente. Quando abordamos uma empresa prestadora de serviços ? comunidade é, normalmente, para a criticar negativa e asperamente porque, inconscientemente, se parte do pressuposto de que, sendo o objectivo o lucro, o que lhes interessa é disso tirar o melhor partido.
Quando abordamos uma organizaç?o que comercializa bens de que estamos carenciados, quase que nos manifestamos com alguma reserva mental, preconceituosamente animados de que nos v?o tentar enganar.
Existe uma cultura de desconfiança dos outros que é inibidora da nossa própria confiança.
Diz o povo que quem é desconfiado n?o é de confiança.
No entanto n?o deixa de ser verdade existirem situaç?es de ineficácia em todas as árias da vida e que, paulatinamente, a sociedade vai despertando para elas, exigindo o cumprimento dos mínimos e elevando os padr?es de exig?ncia, ao mesmo tempo que nos vamos tornando menos tolerantes ao economicismo.
As sociedades modernas tornaram-se egocentristas; o mundo gira em torno de cada um de nós. O eu vem primeiro e só depois os outros. Este estado de consci?ncia tem origem no liberalismo económico; no laisser faire, uma das raz?es para que a palavra solidariedade se tenha tornado uma banalidade para branqueamento das consci?ncias mais tenebrosas.
Trata-se de uma incongru?ncia, na justa medida em que, sociológica e antropologicamente, o homem só sobrevive em sociedade e que os eremitas s?o excepç?es muito pouco expressivas.
Já nos basta o que aconteceu ao cl? familiar ou ? família em extens?o que deu lugar ?s famílias monoparentais, com reflexos na reposiç?o dos stocks genéticos e na economia, já que esta tem por base a família, genericamente falando.
A propósito disto, Portugal nem sequer tem uma política de natalidade!
Para dizer que a Qualidade começa em nós.
A sociedade tem de aumentar individualmente os seus padr?es para exigir, com autoridade, o cumprimento desses mesmos padr?es por parte das organizaç?es económicas e sociais. E cada um de nós tem de ser mais participativo. Em tudo. No voto, nas associaç?es de pais, de estudantes, nos clubes, sindicatos. N?o podemos continuar a demitir-nos sucessivamente das nossas obrigaç?es sociais.
Cada um de nós desempenha diferentes papéis. Somos filhos, somos pais, somos profissionais, artistas, etc., muitas vezes em simultâneo com a participaç?o activa em associaç?es, partidos e tantos outros.
E somos todos consumidores; se n?o comprarmos, as organizaç?es empresariais n?o sobrevivem.
E de facto verifica-se aqui uma falta de qualidade. A nossa cultura de consumo é débil. Sendo débil, n?o sabemos pedir qualidade aos nossos interlocutores sociais. Estes, por sua vez, conscientes dessa lacuna em "Q", dela tiram partido e standardizam comportamentos e processos ao nível mais baixo da padronizaç?o possível.
Estratégias.
Mas existe o outro lado. Felizmente, o número de organizaç?es preocupadas com o factor "Q" é cada vez maior. Os empreendedores perceberam já que num ambiente hostil de mundializaç?o da economia e massificaç?o do consumo e do crédito, todos podem vender. A vantagem competitiva vai estar (já está) nas diferenças de pormenor. Entre outros, na forma de vender e de produzir. Sobretudo, na relaç?o com o consumidor.
A relaç?o comercial n?o termina no acto da venda. Muito pelo contrário; é lá que começa.
A produç?o industrial n?o se avalia pelo número de contentores, mas pelo seu conteúdo e na forma usada para o fazer chegar ao cliente.
Surpresa: já existem candidatos ? certificaç?o de qualidade na nossa regi?o (Beja).
O factor "Q" vai ? ess?ncia das coisas.

Editado em 1999.11.11 para o programa "Factos e Opini?es" da Rádio Voz da Planície.

Dicas

O Baixo Alentejo é titular da maior taxa de desemprego do país e da Uni?o Europeia (regionalmente falando, entenda-se). O score nacional situa-se nos 4,7% (O que me parece muito bom se o compararmos com os valores espanhóis e alem?es, por exemplo), enquanto que o Distrito de Beja atinge os 5 649 desempregados inscritos.
Destes, a esmagadora maioria s?o mulheres. Destas, a maioria n?o possui a escolaridade mínima obrigatória (consoante a data de nascimento).
E s?o desempregados de longa duraç?o (inscritos há mais de doze meses na base de dados do IEFP), ou desempregados de muito longa duraç?o (inscritos há mais de doze meses na mesma base de dados).
É também a maior regi?o da UE (geograficamente falando) e possui a maior freguesia da Uni?o: S. Teotónio.
Tem o maior potencial de desenvolvimento do Sul.
E, na Capital de Distrito, nada mais nada menos, do que tr?s Universidades Privadas e um Instituto Politécnico com tr?s Escolas Superiores e ainda Uma Escola Superior de Enfermagem. Tem cinco escolas do 2? e 3? Ciclos do Ensino Secundário Educaç?o, n?o sei quantas Escolas do Primeiro Ciclo do Ensino Básico e outras tantas ditas Profissionais.
Tem o Centro de Formaç?o Profissional tecnologicamente mais avançado. A Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (que deveria ser a verdadeira Ag?ncia de Desenvolvimento do Baixo Alentejo).
A maior rede ferroviária do mesmo espaço geográfico (embora n?o pareça e esteja na calamidade que se sabe, excepcionando-se o ramal da SOMINCOR). Faço aqui um par?ntesis para lembrar que a História nos ensina que é a ferrovia que trás desenvolvimento. As auto-estradas (embora importantes), levam-no.
Tem o maior porto de mar de águas profundas da Europa (Sines).
Vai ter o terceiro maior aeroporto do país. E, se tudo correr bem, de novo a melhor rede rodoviária de todo o Alentejo.
Tem infra-estruturas de apoio social e cultural: bibliotecas, centros culturais, centros desportivos, infantários, clubes, piscinas de água quente, turismo de todos os tipos e para todos os gostos e muita qualidade de vida.
Mas n?o tem o fundamental: massa crítica humana capaz de fazer despoletar o desenvolvimento.
Os mais capazes n?o t?m encontrado pólos de atracç?o para se fixarem, criar raízes e ficar. T?m contribuído para o desenvolvimento de outras regi?es, quer portuguesas, quer europeias.
Um número considerável de organizaç?es públicas e privadas s?o lideradas por pessoas muito capazes que vieram de outras regi?es e que gostaram e gostam de cá viver e trabalhar.
Mas n?o chegam. Esses e os que s?o genuinamente locais. Os mais capazes, claro está.
E quando isso se passa, corre-se o sério risco da instalaç?o da mediocridade e da decad?ncia de valores. E o ciclo vicioso da pobreza, como nos países em vias de desenvolvimento.
Sendo uma regi?o de forte potencial desenvolvimentista, dotada das infra- -estruturas de base mais importantes e com as maiores dotaç?es orçamentais de que há memória, porque n?o acontece o desenvolvimento?
Dinheiro n?o falta (veja-se quantas seguradoras e quantos bancos já abriram em Beja). Faltam sim, as pessoas para o aplicar.
E que dizer dos encaixes do Tesouro por via fiscal: um luxo!
Se a massa crítica humana capaz de promover o desenvolvimento n?o existe, há que a importar. E para a importar é necessário "vender" a regi?o e criar atractivos ? fixaç?o de pessoas.
E para "vender" a regi?o n?o pode ser através de site's na internet que, para além de se revestirem de uma pobreza de criatividade confrangedora e de péssimo gosto estético (os olhos comem mais do que a boca), n?o s?o actualizados desde Abril deste ano!
Que dizer ent?o do Netcentre, especialmente construído para as empresas e actualizado em Novembro!

Editado em 1999.11.09 para o "Programa Factos e Opini?es" da Rádio Voz da Planície.