terça-feira, junho 20, 2006

Quantos são?


Ao longo de mais de três décadas de democracia, muitos têm sido os baixo-alentejanos que se têm deixado seduzir pela atractividade de outras regiões, sobretudo pelas oportunidades oferecidas a pessoas qualificadas e capazes de desempenhos só apreciados por não invejosos.
Os resistentes com potencial começam a ser poucos. A massa crítica residual aproxima-se do limiar da mediocridade. Os poderes de influência diminuem e a classe política, por si só, não tem mais capacidade influenciadora.
Évora tornou-se hegemónica; perigosamente. Mesmo em alternância de poder conseguiu, com muito poucos protagonistas, influenciar a seu favor os poderes instituídos e os resultados estão à vista: é uma cidade com estatuto, tem potencial e massa crítica, é atractiva, aumenta física e demograficamente.
Dos três distritos alentejanos, Beja é o maior, o mais desertificado, o mais pobre e com uma capital que, comparativamente às outras duas, mais parece uma aldeia-de-risco-ao-meio.
Nunca conseguiu que as suas elites se agrupassem para reivindicar benefícios colectivos. Sempre olhou para o seu umbigo como se o universo gravitasse à sua volta. Pelo contrário, ao longo da história, as elites empresariais eborenses sempre souberam tirar partido de uma certa consciência colectiva, ainda que conservadora, mas muito adaptativa às circunstâncias.
Geraram naipes de elementos que, consoante a cor do poder, lá estão a marcar presença e influenciar em benefício do distrito, do concelho e da cidade.
Beja teve no Clube Bejense, uma ténue e envergonhada associação de elites que nunca resultou. Apenas como feira de vaidades.
Hoje assiste-se, pela segunda vez, à tentativa de criação de um lobby para exercer pressão sobre o poder central no sentido de viabilizar rapidamente soluções facilitadoras do desenvolvimento sustentado. E pela segunda vez uma tendência tenta, à partida, ganhar a corrida da liderança.
Da primeira vez - ainda com Guterres no governo e igualmente no NERBE - foi o PSD e José Raúl dos Santos que a gitaram a bandeira; agora foi o Partido Comunista com Francisco Santos a dar a cara encobrindo o ambicioso João Rocha e alguns acólitos da AMDB.
Todos têm uma vontade grande de se organizar e há gente muito boa em todas as áreas e capazes de vestir a camisola da região; mas há sempre uns espertos que entendem que os outros são parvos. E matam à nascensa o embrião do futuro sorridente.

sábado, junho 03, 2006

Alerta!



Agentes de marketing agressivo alegadamente contratados por este grupo organizacional do mercado do turismo, estão a operar em Beja, há cerca de 1 ano, em momentos estratégicos - como início da Primavera, aproximação do recebimento do subsídio de férias e subsídio de Natal - a partir do Hotel Francis, contactando residentes previamente seleccionados, sob a argumentação de que têm um prémio à disposição para ser levantado, resultante da participação de um concurso que nunca existiu mas que as pessoas mais incautas acabam por admitir que possam ter participado (por exemplo, sempre colocam numa qualquer tômbola, uma ficha de participação num qualquer concurso de supermercado).

O prémio consiste, normalmente, num voucher para 2 pessoas, 4 dias, em instalações turísticas do Algarve.

As conversas telefónicas de abordagem são feitas por pessoas bem treinadas, homens e mulheres, portugueses e brasileiros, e utilizam estratégias de convencimento e transferência de níveis, muitíssimo bem escalonadas. Verdadeiros profissionais de telemarqueting e de manipulação comportamental.

Mas para levantar o prémio, a vítima tem de estar disponível para ir, numa determinada hora, com uma determinada pessoa e sozinho, a uma entrevista no hotel Francis, em Beja (podia ser outro qualquer). E se disser, por exemplo, que oferece o prémio a uma instituição, dizem-lhe que não pode ser porque é pessoal e intransmissível.

Para que serve a entrevista?

Em primeiro lugar, para obter mais dados pessoais não susceptíveis de ser utilizados sem o consentimento do titular (estatuto profissional, rendimento, agregado familiar, hábitos de consumo e férias) e para proceder a uma longa conversa tática de convencimento na aquisição de outros serviços que, normalmente, são invisíveis de alto preço e valor acrescentado, sem suporte em activo subjacente como se passa com a bolsa de mercado de derivados, exactamente por se tratarem de produtos de natureza financeira não autorizados.

É "time-sharing"puro, esse produto de tão negativa notoriedade que não pode ser falado directamente devido aos escândalos de que já foi protagonista em Portugal.

Evidentemente que ninguém dá nada a ninguém e a ida à entrtevista serve para, ao fim de uma estratégia de cansaço e esgotamento da paciência que pode levar uma hora, propor à vítima a subscrição de um contrato caro que a deixa endividada ou diminuida de valores que podem atingir os € 15000,00.

Se a vítima potencial não cumprir com a promessa de estar presente no dia e hora para a entrevista, nunca mais a largam com telefonemas, chegando ao desplante de pedir satisfações pela atitude da falta e pressionando para que não desligue o telefone.

Alerta, portanto.

Este caso está já comunicado à DECO para que possa desencadear um processo de averiguações que protejam os consumidores de eventuais comportamentos enganosos que possam estar, alegadamente, a ser praticados por agentes que se dizem a operar em nome da organização referenciada.