segunda-feira, maio 30, 2005

Os números

Nos concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Moura, Mourão, Serpa e Vidigueira, o cenário relativo ao desemprego é o seguinte:
Desempregados à procura do 1º emprego - 551
Desempregados à procura de novo emprego - 7066
Total - 7617
Estão ocupados (em programas especiais de emprego) 2308; indisponíveis (desempregados que não reúnem temporariamente condições imediatas para o trabalho por motivos de saúde), 24 e empregados (que têm um emprego que pretendem abandonar), 105.
Foram recepcionadas 60 ofertas de emprego (empregos disponíveis comunicados pelas entidades empregadoras aos Centros de Emprego).
Dos desempregados registados, 4604 estão inscritos há menos de 1 ano e 3013 há mais de 1 ano. Destes, 1143 têm menos de 25 anos; 1892, entre 25 e 34 anos; 3137, entre 35 e 54 anos e 1445 têm 55 anos ou mais.
Fonte: Estatísticas mensais - mês de Abril de 2005 - IEFP

quarta-feira, maio 25, 2005

Medievalismo rural

Há meses, no regresso de um dos meus passeios de BTT, atravessei o Jardim Público montado na minha bicicleta. De imediato e zelosamente, um funcionário abordou-me dizendo que era proibido andar de bicicleta no Jardim Público. Pedi desculpa e disse que desconhecia tal facto perguntando se estava alguma postura municipal afixada dando notícia dessa norma. O funcionário respondeu-me que a norma estava na Câmara.
Evidentemente que não fui à Câmara saber da postura municipal que deveria estar afixada em local visível e de passagem do jardim (se é que existe). Acatei e pronto. Poupei tempo e evitei aborrecimentos.
Curiosamente, de há pelo menos 2 meses a esta parte que venho observando que dois funcionários do Jardim Público estacionam as suas viaturas particulares, dentro do espaço, junto ao parque infantil. Para que tal aconteça de forma continuada, seguramente que haverá uma postura municipal que autoriza os funcionários do dito a estacionarem os seus automóveis lá dentro porque ninguém ainda comunicou aos visados que não o pode fazer.
Como se trata de um espaço previlegiado e gratuito, vou solicitar a devida autorização à câmara para também lá estacionar o meu carro.

segunda-feira, maio 16, 2005

O que almejamos para Beja

O concelho tem aproximadamente 35000 habitantes dos quais cerca de 30% são activos (10500). Os restantes 24500 exercem actividades geradoras de rendimentos marginais à contabilidade nacional, estão desempregados, doentes, aposentados ou ainda não considerados disponiveis para emprego (os que se encontram em idade escolar). Sendo assim, 10500 lutam para gerar a riqueza necessária ao sustento social de todos.
A cidade e o concelho perderam atractividade. Curiosamente, os visitantes oriundos de concelhos industrializados, questionam-se como pode haver tantos Mercedes e BMW sem haver indústrias.
Em todo mundo, as cidades que viveram e vivem o desenvolvimento foram as que apostaram numa estratégia de captação de talentos de visão inovadora. A mais próxima de nós é Barcelona e a aposta que mais atraiu esses talentos, foi a música.
O que se passou é que foi percebido que os talentos querem e têm uma cultura urbana. Beja é preponderantemente rural. Medievalmente rural.
Não basta proclamar que tem qualidade de vida para atrair talentos. A qualidade de vida é um sub-sistema da qualidade e a qualidade é defenida pelos clientes e não pelos competidores. A estes últimos resta-lhes a monitorização para perceber o que aqueles querem e ir ao encontro dos seus desejos. A isto se designa de vantagem competitiva.
É necessário dotar o concelho de mais e melhores pólos de atractividade que saceiem o apetite dos talentos, de modo a que sintam vontade de se fixar.
Em 2001, o concelho de Beja perdia entre 14 e 17 residentes por dia. O único concelho do distrito que não perdeu pessoas foi Castro Verde.
Em geral, o Alentejo divergiu da União Europeia durante a execução do QCA III, em sintonia com o que tinha acontecido com os quadros anteriores. E foi sempre objectivo 1.
No próximo enquadramento para o período compreendido entre 2007 e 2013 continuará a ser objectivo 1. Mas a Região Plano já é híbrida; tem territórios para além do Alentejo que vêem na sua integração a única hipótese de vir a beneficiar de uma considerável fatia financeira do bolo alentejano.
A UE vai passar a apostar mais nas pessoas e menos nas obras. Daí o choque tecnológico.
O CT faz-se com inovação para o que já existe e para o potencial que urge concretizar e que constitui nicho de mercado. Mercado que não está nem no concelho, nem no distrito e pouco no país. O mercado é o mundo.
Beja tem potencial de desenvolvimento mas para o concretizar necessita de uma cidade forte e sustentadamente urbanizada com efectiva oferta em qualidade de vida assente nos seis vectores estratégicos reconhecidos pela UE: atracção, competividade, inovação, emprego, conhecimento e convergência.
O executivo que sair das próximas eleições de Outubro tem de registar como missão, o alcance exequível de cada um daqueles objectivos mensuráveis; isto é, quanto quer alcançar para cada um, ao longo de 4 anos.
A política do concelho dos últimos 25 anos cavou irremediavelmente o fosso entre a urbanidade e a ruralidade, fazendo prevalecer esta sobre a primeira. E os supostos talentos que se instalaram por iniciativa dessa política, foram maioritariamente de áreas de competência não geradoras de economias competitivas, acabando por fazer parte das elites consumidoras de recursos e não das geradoras de multiplicadores de riqueza.
Agora é preciso mudar de estratégia.
A alternativa terá de ser corajosa e até tecnocrata, sem descorar a política. Os vícios são muitos. Quando as pessoas se perpetuam no poder, acabam por ser dominados por este e pelas pressões corporativas. É notório que há muito que a capacidade de mudar se perdeu.
A edilidade tem cerca de 1000 funcionários (entre públicos aurtárquicos e das EM's). Representam 0,3% da população residente e 10% dos verdadeiros activos do concelho. É um património humano ineficaz e ineficiente porque excessivo, mal organizado, mal comandado e constitui um capital intelectual mal gerido e mão-de-obra mal aplicada.
Evidentemente que nem tudo é mau. Há muito de bom. No entanto o saldo é francamente negativo e a prova é a manutenção da mediocridade por falta de capacidade para mudar.
Agora é mesmo necessário fazê-lo. Se não o fizermos, os nossos filhos não nos perdoarão.

terça-feira, maio 10, 2005

22ª já foi

O maior evento socioeconómico do Alentejo - o maior a Sul do Tejo e, quiçá, o 2º maior do país depois da Feira Internacional de Lisboa - terminou.
Começou a 23ª Ovibeja.
Como nos anos anteriores, tivemos fartura de críticas positivas e negativas. As críticas fazem falta já que não está criado um sistema de monitorização da opinião pública. Aqui está uma boa oportunidade para os alunos das escolas superiores que ministram cursos na área da Sociologia Aplicada, elaborarem um bom trabalho de fim de curso.
Mas tive a sensação de que a cidade está divorciada da feira. Durante a semana da Ovibeja, encheu-se de forasteiros - o que é bom - e esvaziou-se de bejenses.
Não haverá nada de extraordinário nisto. Em boa verdade, os produtos de qualidade destinam-se maioritariamente ao mercado externo, àquele mercado que extravasa as fronteiras geográficas do ambiente em que a organização se insere.
A qualidade dos expositores aumentou e o ambiente tornou-se mais organizado. Uma nota negativa para uma parte da restauração: em geral, a higiene e salubridade têm de melhorar e a relação preço-qualidade tem de se equilibrar. As designadas tasquinhas - onde supostamente se pode comer mais barato - mancharam mais uma vez a restauração da feira. Nota muito positiva para os expositores de produtos regionais.
Para a próxima julgo oportuno que a Feira ultrapasse definitivamente os muros do Parque de Feiras e Exposições. Teremos já o Pax Júlia a funcionar, o espaço arqueológico do Sembrano e entendo que os museus e a Casa da Cultura devem ser integrados no processo.
Os espectáculos devem multiplicar-se e melhorar na qualidade dos convidados como também devem servir todos os gostos.
Por que não transformar a Ovibeja na grande festa da cidade?

quarta-feira, maio 04, 2005

Beja: O 3º custo-de-vida mais elevado do País!

Está confirmado: A nossa cidade é das mais caras do país.

A revista Proteste 258, de Maio de 2005, divulga os resultados de um estudo de comparação de 63 000 preços em supermercados de todo o país.

A superfície mais barata em Beja é o Pingo Doce, com os índices 110, 112, 119 e 112. Em 2º lugar surge o Modelo, com os índices 110, 111, 125 e 113. O Intermarché e a COOP Proletário Alentejano, com os índices 119, 117,121 e 116, 119, 120, 121 e 119. O mais caro é o António M. Veríssimo, com os índices 133,140, 139 e 138 e, logo a seguir, Frescos & Companhia, com os índices 130, 133, 133 e 131.

Braga é a cidade com as compras mais baratas. Mais caras do que em Beja, só Guarda (1º com o índice 115) e Viseu (2º com o índice 114).

Foram constituídos 2 cabazes: Um representando uma família típica e destinado a quem escolhe os produtos pela marca. Engloba 100 produtos distribuidos por gorduras, óleos, lacticínios e ovos, outros produtos alimentares, charcutaria, bebidas, produtos de higiene pessoal, produtos de limpeza para casa, fruta e legumes, peixe, aves, carne de porco e carne de vaca. Outro cabaz representando o consumidor que entra no supermercado, olha para a prateleira e escolhe a marca mais barata que houver. Abrange 81 produtos e é idêntico ao primeiro, excepto nas categorias carne, peixe, frutas e legumes que foram excluidas.

O 1º índice representa o total, o 2º mercearia, o 3º drogaria e 0 4º sem carne, fruta e legumes, tudo no 1º cabaz.

O 2º cabaz indica-nos que, relativamente ao total, o mais barato é o Modelo, seguido pelo Pingo Doce, pelo Intermarché e Frescos & Companhia.

Com uma simples deslocação a Faro, Évora ou Setúbal, podemos poupar num cabaz qualquer coisa como 6 a 7 %.

segunda-feira, maio 02, 2005

Direito à indignação

No passado Domingo - 1º de Maio - assistimos a uma reportagem nos noticiários do início da noite que dava conta da inauguração do maior carrilhão de Portugal, instalado num moderno e grandeoso local de culto católico romano, num concelho das proximidades de Lisboa, a que não faltou o Cardeal Patriarca de Lisboa.
Até aqui, tudo bem.
O que me espantou foi a chegada de um helicóptero da força aérea transportando as imagens de Nossa Senhora de Fátima e dos três pastorinhos, imagens essas levadas até quem de direito por 4 militares da FAP.
Sendo um cidadão agnóstico - embora de educação católica romana - não posso deixar de manifestar o meu desagrado por tal espectáculo. E porquê?
Não é a cerimónia e a sua magnitude. Não é a imponência megalómana do complexo. Não é o orgulho de quantos contribuiram para a obra. Não é a religião.
O Estado Português é laico. E enquanto tal, não pode, não deve, patrocinar oficialmente esta ou aquela religião, mesmo que seja a que maior expressão tem.
Evidentemente que os militares dos três ramos das forças armadas terão as suas convicções. E sempre tiveram apoio espiritual, mas apenas de uma religião.
O problema é que o Puma da FAP voou pago pelos impostos de todos os portugueses, incluindo aqueles que professam outras religiões que não a Católica Apostólica Romana. E os militares da FAP - pagos pelo OE porque em serviço - prestaram uma imagem tendenciosa quando é suposto que a não tenham.
Eis a razão de ser da minha justa indignação. Este tipo de situações - como é o caso de continuar a sentar à direita das mesas de eventos solenes e em cátedra especial, a autoridade religiosa da ICAR, por força protocolar - têm de terminar sob pena de descredibilização do regime.
A matéria que acabo de focar - a do helicóptero da FAP - deve ser estudada pelo Senhor Ministro da Defesa no sentido de ser feita uma avaliação da correcção do acto num quadro do Estado Democrático Laico. E a questão de sentar bispos católicos romanos em todas as cerimónias protoculares, já não faz qualquer sentido num Estado que proclama a liberdade religiosa no seu texto constitucional.