Quando aderimos à então Comunidade Económica Europeia, fomos padronizados com a idéia de que seria a solução milagrosa para não voltarmos a ter necessidade do Fundo Monetário Internacional. Iriamos ser pródigos, desenvolver, modernizar, elevar o padrão de vida e construir uma classe média de banda larga e sustentada.
Estavam em voga as expressões convergência real e convergência nominal. Hoje constatamos que, nem uma nem outra, foram alcançadas.
Como nos adoçaram a boca?
Pagaram-nos para não produzir.
Na agricultura, set asside; na pesca, abate de embarcações; na construção naval, encerramento da LISNAVE e SETNAVE; na metalomecânica, encerramento da SOREFAME e da Siderugia Nacional; na indústria textil, encerramento de quase todas as fábricas; no calçado, a mesma coisa; na trefilaria, também. E por aí fora.
Aderimos ao Euro. Com ele, vimos inflacionar o custo de vida como nunca tínhamos visto antes. Nem com a intervenção do FMI.
Para quem foi conveniente esta situação?
Sobretudo, à Alemanha.
Vendeu maquinaria agricola a quem recebeu fundos para o setor; vendeu máquinas à China para produzir texteis a baixo custo que a Europa importaria; vendeu barcos de pesca a quem recebeu fundos para o efeito; vendeu maquinaria para quem recebeu para produzir calçado, vendeu submarinos; vendeu equipamento eletropropulsor para produção de material ferroviário; vendeu tudo àqueles que receberam apoios.
Iludidos com tanto dinheiro, esqueceram-se os Estados beneficiários das comparticipações nacionais que tinham de cumprir e vieram os défices estruturais. Portugal deixou de produzir riqueza; passou a consumir.
Constatamos agora que a Europa nos ludibriou.
A Alemanha esteve a pagar os resultados da guerra durante 50 anos. Essa obrigação terminou. Agora quer recuperar a todo o custo o dinheiro que teve de dar de indemnizações aos Estados que dela foram vítimas. E não perdeu a sua intenção hegemónica de domínio da Europa.
Detenhamo-nos sobre as últimas declarações do ministro das finanças alemão.