domingo, maio 28, 2006

Vale a pena



Eis o resultado de uma publicação neste blog, a propósito da inexistência de sanitários para canídeos em locais estratégicos, à semelhamça do que se faz noutras cidades médias do interior (pretenciosismo o meu de chamar a Beja cidade média).

É exactamente o formato que eu propus.

Este é o primeiro a ser instalado em Beja, no Parque da Cidade.

Na ausência de sanitários para pessoas, espero que os humanos dele se não apoderem. Não seria uma imagem agradável a dos respectivos donos e donas de perna alçada.

sexta-feira, maio 12, 2006

Números políticos ou política dos números

À semelhança do que se passa com o todo nacional, também a nossa região começa a ser alvo da luta política em torno das Grandes Opções do Plano que sustentam o orçamento de Estado.
Em política, sempre que pode haver polémica, as oposições mandam para a linha da frente a "prima Georgina"(aquela senhora da rábula da Minha Ida à Guerra do Raúl Solnado que gostava muito de dizer coisas) para provocar as primeiras agitações e arrecadar o ónus dos ódios, deixando terreno mais limpo à passagem dos pavões.
Por seu turno, a situação - normalmente reactiva e raramente pró-activa - manda os seus líderes locais atenuar as polémicas, de imediato, sem que os porta-vozes tenham tempo de se documentar e os resultados são, às vezes, piores do que se estivessem calados. É que na dúvida, absolve-se o réu.
Já todos percebemos que a situação orçamental do país, não sendo dramática, é muito grave. Estamos comprometidos com as regras da União Europeia (e ainda bem). Duarante anos a fio e em sucessivos governos do PS e do PSD, pouco se fez para combater o desperdício, o corporativismo, a impunidade, a corrupção, a incompetência e o clientelismo.
O que nos está a acontecer já aconteceu há dez anos aos espanhóis (desemprego, desaceleramento da economia, crise de valores, défice de auto-estima). Hoje estão 20 anos à nossa frente.
Com a ajuda das boas-vontades europeias, alguma inteligência de governantes e parceiros privados, conseguimos atenuar as entropias que ninguém teve coragem até agora de debelar, por se deixarem pressionar pelos interesses corporativos.
E quais são os mais corporativos?
O ensino, a justiça, a saúde e a política.
Para almejarmos uma Nação Valente, precisamos de uma política reformista, pelo menos até final de 2007.
Por isso - e voltando à nossa região - temos de abandonar momentaneamente algumas paixões para cairmos na realidade, se queremos que os projectos infraestruturantes avancem:
-Não posso ter escolas superiores públicas sem alunos
-Não posso ter professores com horário zero
-Não posso ter juízes com 27 anos de idade, sem experiência de vida e inseguros
-Não posso ter serviços de saúde esbanjadores
-Não posso ter pessoas profissionalmente desmotivadas
-Não posso ter políticos que não enxergam um presunto no meio de chouriços.
Porque se "não há dinheiro, não pode haver palhaços".

terça-feira, maio 09, 2006

Vozes

A comunicação regional local veiculou durante o dia de hoje (Terça-feira, 9 de Maio) uma notícia com origem no presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Beja -Rodeia Machado (ex-deputado comunista pelo Distrito de Beja) - em que o Hospital de Beja estaria alegadamente a cometer irregularidades relativamente ao transporte de doentes em viaturas sem alvará. Em concreto, requisitaria táxis para transportar doentes.
Como cidadão preocupado com matérias sensíveis - caso da saúde - quis tirar a limpo, em concreto, o que se passava.
Foi difícil obter informações seguras e verdadeiras, na medida em que se trata de material informativo restrito e não sou jornalista. Espanta-me como é que Rodeia Machado as obteve. Porém, a sua fonte de informação, para além de não ser credível, deturpou-a.
Vejamos:
1. Existem 2 tipos de situações classificáveis para pessoas necessitadas de transporte, no âmbito dos cuidados de saúde - os utentes e os doentes.
2. O técnico de saúde (médico) é responsável pela classificação.
3. Se classificado como utente, o cidadão alvo de um qualquer acto médico que necessite de ser deslocado para atendimento em local ou unidade afastada e não tenha acesso a transporte privado ou público, é transportado em qualquer viatura que não AMT (ambulância de transporte) ou AMS (ambulância de socorro), requisitado pelo SNS. Normalmente, táxi.
4. Se classificado como doente, de acordo com a gravidade, será transportado em AMT ou AMS.
Em causa está um utente do SNS - anteriormente submetido a intervenção cirúrgica - com necessidade de exames especiais auxiliares de diagnóstico. Objectivamente, o clínico responsável prescreveu uma tomografia axial computorizada por positrões.
A única unidade existente está instalada no Hospital Infanta Cristina, em Badajós.
Como se trata de um utente (classificado como tal pelo clínico), foi requisitado um táxi para transporte.
Convém esclarecer que aquele hospital - da tutela dos serviços regionais espanhóis de saúde - tem um protocolo com a ARS do Alentejo, no âmbito do programa INTERREG III-A, em que os serviços alentejanos de saúde são parceiros, tendo direito a trezentas e poucas tomografias por ano e comparticipação para o transporte de utentes e/ou doentes.
Covém esclarecer ainda que as ambulâncias (sejam AMT ou AMS) só podem atravessar a fronteira em situações especiais e devidamente autorizadas. Logo, mais burocracia e mais despesa.
Uma saída de uma ambulância custa, em média, no total, cerca de €200,00. Um táxi custa substancialmente menos.
E é aqui que bate o ponto.
O que não é dito pelo Sr. Rodeia Machado é que o problema dos "seus bombeiros" (e eventualmente de outros que se regem por compassos idênticos) é um problema de mercado; isto é, de concorrência. Por vezes até desleal. E se formos profundos na investigação, descobriremos aqui ou ali actos de verdadeira cartelização económica.
Dá muito mais jeito transportar um utente com o dedo mínimo fracturado na falange, de ambulância porque rende à corporação. Porém, enquanto a dita ambulância vem de Mértola a Beja transportar o utente com a fractura da falange, está um enfartado à espera dela.
Os recursos são escassos e, por isso, mandam as regras da boa gestão que sejam administrados com rigor e bom-senso.
Logo, é bom que utentes sejam sempre transportados de táxi, os doentes ligeiros, de AMT e os doentes necessitados de socorro, de AMS.
AMT e AMS têm alvará para transporte de doentes e os táxis, alvará para transporte de passageiros.
A demagogia não serve nem os bombeiros nem as populações.