quarta-feira, agosto 30, 2006

Limpeza

Mais uma época estival a chegar ao fim e o problema mantém-se: falha a limpeza urbana.
Não falha na sua globalidade, entenda-se; mas falha em demasia.
A falha mais notória é a da lavagem das ruas da cidade. Esta não é feita, pura e simplesmente. Como já citei noutras ocasiões, existem equipamentos mecanizados pesados aos quais, há anos, foram retirados acessórios de lavagem - supostamente por avaria e falta de suplentes - e nunca mais foram colocados. Esses acessórios permitem a lavagem automática e activa das ruas, utilizando água reciclada e aditivos de desinfecção. São sistemas utilizados em variadíssimas cidades do nosso país, em viaturas semelhantes às que a Câmara possui. O munícipe atento facilmente identifica os locais de aplicação dos acessórios e percebe que os hidráulicos de controlo estão bloqueados.
Paralelamente, encontramos os tradicionais cantoneiros de limpeza a trabalhar largas superfícies à mão, como no caso da imagem. Concelhos bem mais pequenos e com orçamentos bem mais magros já equiparam os seus profissionais com ferramentas mecânicas de aspiração que permitem uma eficiência muito maior e melhor desempenho. Paralelamente, sentindo as pessoas que se preocupam com elas dando-lhes condições para trabalhar melhor, o seu voluntarismo sobe e aumenta a produtividade.
Elementaríssimo para quem sabe gerir ou administrar.

quarta-feira, agosto 23, 2006

A buzword do momento



Num dos poucos momentos disponíveis para tomar conhecimento das notícias deperei-me com dois statements interessantes: os portugueses são os que mais trabalham na Europa; os portugueses são dos menos produtivos da Europa.

Parece uma incongruência mas não é. Somos dos que mais horas trabalham e dos que menos resultados do trabalho obtêm. Isto por duas ordens de razão: temos baixa qualificação escolar e baixa formação profissional - por um lado (problemas situados no trabalhador); sofremos de desempenho em mau ambiente de organização do trabalho (problemas situados na organização e respectiva tecnoestrutura) - por outro.

Quando a empresa tem colaboradores pouco qualificados (lacto sensu), é fácil imputar-lhes os ódios de todas as desventuras; quando os tem altamente qualificados, as chefias encaram-nos como ameaça porque não conseguem demonstrar que a culpa é deles.

Nas organizações cujo objectivo é o lucro, quando o cume estratégico e a tecnoestrutura são medíocres, quem paga é o consumidor: ferra-se-lhe no preço a pagar.

Mas há excepções.

Na nossa região, infelizmente, abundam estas últimas em coexistência com as não-lucrativas (leia-se sector público e empresarial do Estado).

Planeamento é para gestores; não é para bandeirantes.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Rentrée


As férias têm destas coisas. A gente vai; a gente foge; a gente volta.
Vai, porque ... há que ir; foge ... porque achamos que podemos fugir; volta ... porque tem de vir.
Cada um faz férias como pode. Por vezes nem sabe como deve nem o que quer.
Não parece que haja dificuldades de natureza financeira; afinal, os centros tradicionais estão lotados e as reservas para programas lá fora têm grande procura. Por sinal, estes, se bem procurados nos sítios da internet, apresentam-se com preços irresistíveis.
Há saldos de viagens de avião, de alojamentos e de programas. Para todo o lado. Menos para Portugal.
Duarante a férias, muitos de nós sofrem metamorfoses. De tal ordem que quando regressamos há quem não nos reconheça. Por diversa ordem de razão, claro está.
Ausentamo-nos e dão pela nossa falta; quando estamos, ninguém dá pela nossa presença. Quando chegamos ... ena que bronze!... caramba, tanto tempo!... uuuaahhhuuu! que corpinho fresco!... a barriguita cresceu, hãi?... é pá, a saia encolheu! ... Jesus! Que belo parapeito!
Cada um utiliza o tempo e o dinheiro como pode para proceder a mudanças. Até de comportamento. Parece um autêntico carnaval.
Afinal, nas férias, todos tentamos fugir. Fugir da rotina, do standard, do corre-corre, do faz-sempre-o-mesmo, até de nós próprios.
Depois, voltamos. Com vontade de não ter voltado.
Voltamos a ver as mesmas coisas, a ter as mesmas frustrações, a aturar o estupor do patrão, do calhorda do chefe e a esfolarmo-nos por fazer o trabalho mal estruturado.
Voltamos a ver a cidade sem novidades, sem projecto e sem objectivos.
Voltamos à pasmaceira do dia-a-dia.
É assim todos os anos.