quarta-feira, agosto 16, 2006

Rentrée


As férias têm destas coisas. A gente vai; a gente foge; a gente volta.
Vai, porque ... há que ir; foge ... porque achamos que podemos fugir; volta ... porque tem de vir.
Cada um faz férias como pode. Por vezes nem sabe como deve nem o que quer.
Não parece que haja dificuldades de natureza financeira; afinal, os centros tradicionais estão lotados e as reservas para programas lá fora têm grande procura. Por sinal, estes, se bem procurados nos sítios da internet, apresentam-se com preços irresistíveis.
Há saldos de viagens de avião, de alojamentos e de programas. Para todo o lado. Menos para Portugal.
Duarante a férias, muitos de nós sofrem metamorfoses. De tal ordem que quando regressamos há quem não nos reconheça. Por diversa ordem de razão, claro está.
Ausentamo-nos e dão pela nossa falta; quando estamos, ninguém dá pela nossa presença. Quando chegamos ... ena que bronze!... caramba, tanto tempo!... uuuaahhhuuu! que corpinho fresco!... a barriguita cresceu, hãi?... é pá, a saia encolheu! ... Jesus! Que belo parapeito!
Cada um utiliza o tempo e o dinheiro como pode para proceder a mudanças. Até de comportamento. Parece um autêntico carnaval.
Afinal, nas férias, todos tentamos fugir. Fugir da rotina, do standard, do corre-corre, do faz-sempre-o-mesmo, até de nós próprios.
Depois, voltamos. Com vontade de não ter voltado.
Voltamos a ver as mesmas coisas, a ter as mesmas frustrações, a aturar o estupor do patrão, do calhorda do chefe e a esfolarmo-nos por fazer o trabalho mal estruturado.
Voltamos a ver a cidade sem novidades, sem projecto e sem objectivos.
Voltamos à pasmaceira do dia-a-dia.
É assim todos os anos.

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