Desde praticamente a sua fundação que o PPD / PSD almejava este desiderato. Na sua ótica, Portugal só seria governável com esse formato.
Quando o atual presidente da República foi primeiro ministro obteve parte desse desejo: uma maioria absoluta após a primeira queda. Nenhum outro líder social-democrata o conseguiu até hoje.
Eis senão quando, há ano e meio atrás, Pedro Coelho ganha as eleições e forma nova maioria com o CDS / PP.
O desejo realizou-se: uma maioria, um governo e um presidente.
Volvido ano e meio, o desejo tornado realidade mostra à evidência que o formato em nada releva para o desempenho governativo. O facilitador apenas serve para impor mais facilmente as regras do jogo. E não se diga que não funciona bem porque a maioria não é de um só partido.
Há uma vontade enorme do arco governativo liberal conservador em conseguir o estado único do exercício do poder, dificilmente alcançável no processo político português, não obstante as diversas tentativas de bipolarização da política nacional.
Começam a ser visíveis alguns comportamentos saudosistas de um passado já considerado distante, o suficiente para crerem que as pessoas já esqueceram.Passos Coelho acha que o secundário deve ter propinas (eu paguei propinas desde o 1º ano do liceu porque o ensino só era obrigatório até à 4ª classe). O presidente do Comité Olímpico Português entende que a Mocidade Portuguesa faz falta, embora sem cariz ideológico (eu andei fardado e chumbei o 5º ano porque faltava às aulas da "bufa"). Há quem ache que a Constituição é um empecilho (alguns dos que nela não votaram vieram do antigo regime). O falecido Saraiva disse, pouco tempo antes de falecer, que Salazar tinha sido um ditador santo. Há quem pense que a suspensão da democracia pode contribuir para vencer a crise. O ministro das finanças profere frases quase idênticas às de Oliveira Salazar, quando desempenhou o cargo.
Há hoje mais elementos transitados do antigo regime por metro quadrado da governação do que em qualquer outro momento da história da democracia.
Que raio de fado é este, o único, o legítimo, o português.
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