terça-feira, março 29, 2005

Pensar grande

Independentemente dos diferentes pensamentos estratégicos que se possam formular para o ansiosamente desejado plano estratégico de desenvolvimento sustentado e sustentável da nossa região (BAAL) e do nosso concelho (Beja), importa não dormitar sobre aquilo que era para ser e não foi. Importa aqui e agora trabalhar sobre o que deve ser para que se estimule a convicção do vai ser .
Nesta saga não pode continuar a manter-se o comportamento reducionista, rural, conservador e feudal que caracteriza as sociedades como a nossa (da região). Os projectos que queremos para nós e para os nossos filhos, têm de ser projectos nacionais para que o princípio da solidariedade não seja posto em causa cada vez que bradamos por infraestruturas de grande dimensão e têm de ser sempre projectos revestidos de atractividade para conseguirmos a reposição dos stocks genéticos há tanto perdidos e que nos atiraram para o envelhecimento e desertificação humana.
Por diversas vezes já provámos que somos tão bons como os melhores e capazes de fazer o que os outros não fazem. Mas temos um conjunto significativo de pessoas que fogem do processo como diabo da cruz por saberem que logo que a juventude capacitada tome conta do processo evolucionista e que o desenvolvimento tenha lugar, perdem totalmente o poder caceteiro que os tem sustentado.
Que este comportamento de vistas curtas característico da nossa sociedade surja no quotidiano para justificar alguma nostalgia do passado que está para acabar, não me espanta; o que me espanta é quando pessoas - voluntariosas é facto - estranhas ao nosso processo, evidenciem nostalgia a propósito de projectos que eram para ser e não foram. E projectos de dimensão muito relativa tendo em consideração que desejamos coisas nacionais.
Não há nada de mal em ter grandes olhos e grandes barrigas em matéria de desenvolvimento; muito pelo contrário.
Há poucas semanas alguém veio lembrar-nos que Beja não ligou à oferta de instalação do projecto Skylander e, face ao desinteresse, o projecto foi para Évora.
O projecto resulta de um consórcio internacional para construção de aeronaves ligeiras e implica a cedência de áreas de terreno significativas que alteram o PDM, a RAN e a REN (em Évora) para além de necessitar de construções de volumetria média mas significativa, totalmente novas, para uma produção que igualmente tem números medianos. E ainda nem sequer começou.
Nestas situações sempre tenho dito que o primeiro milho é dos pardais. O que pretendemos para Beja - com o devido respeito por aqueles que entendem que o Skylander é um bom projecto - é a idéia concretizada das OGMA II. Esta, sim é uma grande idéia que - vá lá saber-se porquê - alguém a guardou na gaveta a sete chaves.
Sabemos que as OGMA estão a passar por um projecto de reengenharia e que têm encomendas em carteira de grandes operações em aeronaves militares estrangeiras e estão a rebentar pelas costuras em matéria de espaço operacional.
A Base Aéria nº 11 de Beja possui, nada mais, nada menos, do que a maior área coberta de pé-direito elevado existente em Portugal, exactamente para receber várias aeronaves de grande porte em manutenção e/ou reparação e até para construção, como será o caso de algumas das encomendas das OGMA.
Acontece que estas instalações necessitam que lhes seja retirado o amianto dos revestimentos interiores (que é caro, sim senhor) e que sejam recuperadas (pela degradação da falta de uso e furtos de materiais que já aconteceram, mesmo dentro de uma unidade militar). Mas os montantes a investir diluem-se rapidamente na rendibilidade dos capitais e na rentabilidade do negócio, para além do facto das infraestruturas de apoio necessárias estarem lá, sem necessidade de investimentos adicionais que não sejam os equipamentos a adquirir por força das características das encomendas.
Eis a razão pela qual continuo a defender que precisamos de visionários atrevidos; dispensamos pessoas com baias de cada lado dos olhos.

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