Não será a maior preocupação; mas é uma preocupação.
Também não constituirá perigo eminente; mas pode constituir perigo para a saúde pública.
Não será o mais urgente; mas urge resolvê-lo.
O canil / gatil municipal - sob gestão da Associação "O Cantinho dos Animais" - vive momentos angustiantes. As instalações têm uma capacidade instalada para 80 animais mas estão lá cerca de 160. Alguns (bastantes) padecem de enfermidades irreversíveis e não serão nunca adoptados. As despesas médicas dispararam e são já incomportáveis para a Associação. A alimentação está a ser generosamente fornecida a crédito.
Por seu turno, há notícia de que o município não tem feito o abate legal dos animais portadores de doença incurável. Estará igualmente alheado do apoio merecido desta equipa de voluntários.
Vale a pena ver de perto o que lá se passa e escutar as angústias dos responsáveis da Associação.
Independentemente de responsabilizações, importa que a edilidade e particulares assumam a situação como de interesse público.
O canil não é um vazadouro de animais cruelmente abandonados.
A consciência de que os animais são seres sencientes - cujos direitos têm sido atropelados pela arrogância do mito da superioridade humana - envolve um lento despertar de cidadãs e cidadãos. Este canil/gatil padece do mesmo mal de tantos outros existentes neste país pobre - mas rico de ignorância. Tratar as causas desta ignorância e laxismo com benemerência - como o fazem estas associações de protecção aos animais - não chega. Para quando uma política de enquadramento sério da vida animal nas pólis, que inclua a esterelização de animais abandonados, o encaminhamento de muitos deles para espaços de cooperação (por ex, gatos residentes nos jardins públicos para combater a disseminação de ratos) a efectiva responsabilização dos chamados "proprietários" - ou mesmo o questionamento sobre as suas capacidades para terem um animal a seu cargo?
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