segunda-feira, setembro 05, 2005

Mudar

As próximas eleições de 9 de Outubro são decisivas para o concelho de Beja. A cidade tem de se afirmar como capital do Baixo Alentejo – a maior região do país e a maior da Europa, em superfície.
Essa afirmação far-se-á com uma liderança forte que rompa com o passado e se inconforme com a mediocridade das opções tomadas até agora.
Temos vivido sob uma administração de vistas curtas, sem ambição, castrada de visão estratégica, que olha o umbigo e se distrai do mundo dos satélites e da informação transportada pela fibra óptica.
Não basta mudar rostos e falar de modernidade; impõe-se mudança de política.
Estamos no século XXI e as carências são escandalosas, não obstante o potencial.
Queremos uma nova administração voltada para fora das paredes dos Paços do Concelho que suje os sapatos na poeira dos caminhos das freguesias rurais, percorra bairros e ruelas, ande de autocarro, fale com pessoas e organizações, abandone o autismo.
É insustentável perceber que ao fim-de-semana qualquer sede de concelho dos arredores tem mais animação, mais vida, mais gente.
É incomportável continuarmos a perder uma média de 12 pessoas por dia, comprar casa a €1500.00/m2 e ver barracas, casebres, pombais e galinheiros em terrenos desocupados, bem no centro da cidade.
O mais precioso dos recursos que um território possui – as pessoas - foge em busca das oportunidades que outros foram criando.
Temos de gerar atractividade e divulgá-la pelo país, Europa e mundo. Criar uma imagem positiva do território e de abertura a quem quiser aproximar-se. Mostrar uma cidade moderna, arejada, limpa, dinâmica, com grande qualidade e que deixe de ser a terceira cidade portuguesa com o custo de vida mais elevado.
Beja tem de ser recolocada no mapa.
As necessidades de desenvolvimento sustentado passam pela instalação de mais e melhores empresas, geradoras de emprego directo e indirecto, com remunerações mais elevadas e disponibilização de espaços adequados a instalações de médio e grande porte.
Precisamos de paixão nos actos, de gente que ame a cidade, com espírito de serviço e sacrifício que lidere as populações e as faça sentir parte do processo evolutivo.
Queremos uma equipa determinada, coesa, honesta, competente, incutidora de confiança e crença no futuro.
Queremos voltar a ver sorrisos nos lábios de todos.
A madrugada de 25 de Abril de 1974 trouxe-nos de volta um instrumento preciosíssimo de decisão sobre o futuro: o voto. De então para cá, temos vindo a assistir a um crescente desinteresse pelo mais precioso dos actos de cidadania democrática que é preciso inverter.
Depois da entrega, do esforço - e até do sacrifício da própria vida - de todos quantos lutaram contra a ditadura do Estado Novo, é inqualificável que se prescinda do poder de decisão que o Estado de Direito Democrático colocou à disposição de todos os cidadãos.
Temos de transmitir às novas gerações a história e a cultura democráticas e incutir-lhes o espírito de cidadania participante e activa para que refresquem a classe política.
Todos podem e devem votar. Os que têm dificuldades de deslocação e não dispõem de meios adequados podem requisitá-los gratuitamente. Bombeiros, GNR, PSP, Protecção Civil, Cruz Vermelha e outros, estarão disponíveis.
O voto muda e é preciso mudar.
É preciso mudar Beja.
Para que seja mais feliz.

2 comentários:

  1. Confesso que não conhecia o blog do António Nascimento. "Mea Culpa"!
    Foi no sombradaazinheira do meu amigo Toi que vi o link e cá estou eu. Ao ler este "post" dá vontade de "corromper" Nietzsche e dizer: "a quanta verdade se pode um blogger atrever? A quanta verdade pode um blogger ousar?". Depois desta leitura diria que pode ousar até ao infinito. Muito bem escrito, António, muita verdade, muita lucidez, perspicácia e honestidade. Voltarei sempre. Um (já) teu leitor: Francisco Vargas.

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  2. Meu caro Francisco Vargas,
    os meus agradecimentos pelo tempo dispendido na leitura das minhas palavras e paciência em me escrever.
    Também há coragem na motivação endereçada.
    Há tendência de ordem política em variados textos que escrevo e essa não escondo. Não alieno as minhas convicções, não escondo a minha cara nem uso pseudónimo.
    Uso a net para exprimir opinião e emitir o meu juízo de valor sobre as coisas que nos rodeiam.
    Há quem goste e quem não goste.
    Evito a ofensa directa e a resposta a picardias.
    Vou lutando aqui pelas minhas convicções e delas não abdico.
    Um grande abraço.

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