terça-feira, dezembro 07, 2004

Interessante

A entrevista concedida em exclusivo por Mourato Grilo - presidente do Conselho de Administração da EDAB (Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja) - Quinta-feira passada à Rádio Voz da Planície, revelou um pragmático muito seguro, aparentemente despreocupado com a fidelidade política.
Esta aparente despreocupação, a confirmar-se, pode trazer-lhe amargos de boca, à semelhança do que se passa em todos os governos com uma parte representativa dos agentes nomeados que se não deixam intimidar pelas pressões dos correlegionários para cometerem deslizes.
Aprecio pessoas assim.
Deu-nos uma perspectiva geral do estado do projecto e do seu funcionamento, bem como uma síntese do plano, coisa que até agora ninguém tinha feito.
Foi claro quanto a alguns aspectos, nomeadamente ao perfil que entende terem de possuir os restantes membros do Conselho de Administração. Esse perfil, os actuais elementos - da confiança do presidente da Câmara Municipal de Oourique - não têm. Pode mesmo ler-se nas entrelinhas que tais elementos são confrangedores para a prossecução eficaz e eficiente da missão.
O desenho do CA não é, para Mourato Grilo, o mais adequado. Prefere um cenário idêntico ao que utilizou na construção do Centro Cultural de Macau (que tive oportunidade de visitar 2 vezes); isto é, baseado numa equipa de projecto de execução de obra, em sentido lato.
Esclareceu-nos que o lançamento da empreitada não arrancou porque o Estudo de Impacto Ambiental só termina em Janeiro, que as ligações às pistas (corredores) não resultam problemáticas, embora tenham sido suficientes para o atraso da vinda do LNEC e que o Plano Director está aprovado, exceptuando-se a parte urbanística.
Questões relacionadas com a certificação das diferentes autoridades (INAC e NAVE) estarão ainda em processo borucrático.
Como a EDAB não possui tecnoestrutura, está a fazer outsourcing em economia e sustentabilidade do projecto.
A situação dos acessos do lado de S. Brissos já tem compromisso municipal e o IEP - como não consegue fazer andar o IP8 - tem dinheiro para aplicar na via de S. Brissos com que se comprometeu, incluindo a rotunda.
Quanto ao atraso da construção dos edifícios, afirmou que o lançamento do projecto está para breve. Só existe o programa preliminar dos edifícios que é do dono-da-obra. A propósito declinou responsabilidades sobre a aquisição da célebre vivenda indiciando discordar da solução.
Opinou sobre a necessidade da constituição de um quadro de pessoal e referiu-se ao exemplo EDIA (que conheço por ter lá colaborado).
Rematou dizendo que o governo (este ou outro) tem de definir como quer o Contrato de Concessão. Este aspecto classificou-o como decisivo para o sucesso do projecto.
Muita coisa ficou por dizer mas muita foi dita. E a que foi dita já provocou escaldões de orelhas em algumas pessoas.
Não admira; a verdade, mesmo dolorosa, aproxima as pessoas; a mentira afasta-as.
A região ficou a ganhar e talvez a intervenção de Mourato Grilo aja como um abalo telúrico de dimensão relativa, capaz de sacudir o sistema político do PPD/PSD/CDS/PP no distrito. Governador civil incluído.

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