O PAEL voltou à Assembleia Municipal de Beja na passada segunda feira.
A Sessão extraordinária de ponto único começou às 21.00 h e pouco e terminou já tarde.
Como se previa, de nada serviu a atualização da informação e as explicações técnicas demonstrativas da bondade da iniciativa. Nem com a preleção técnica do revisor oficial de contas da Câmara (que também tem pagamentos em atraso, enquanto fornecedor).
O Partido Comunista segue escrupulosamente as orientações do Comité Central e até consegue fazer contas erradas, convencido de que estão certas.
Até aqui, nada de relevante. A previsibilidade dos acontecimentos é elevadíssima, com um grau de confiança de 99%. Não falha.
O que espanta é o comportamento do Bloco relativamente à matéria em
apreciação.
De facto, em comunicado de imprensa, a Coordenadora Concelhia
de Beja do Bloco de Esquerda (1 deputado municipal), a propósito da
apresentação da candidatura ao PAEL, já se tinha arrogado no direito de apelidar a gestão do executivo de – e cito - no mínimo, ser danosa, com constantes incumprimentos da Lei de Finanças
Locais, não sendo, por isso, merecedor da sua (deles) especial
confiança. E chumbaram, de novo, conjuntamente com a
coligação PCP-PEV, a candidatura.
Em vésperas de Assembleia Extraordinária convocada para
reapreciação, corrigida a imprecisão relativa à taxa de
juro a praticar pelo empréstimo a 14 anos, vem
– com esse comunicado - justificar-se
do injustificável, acabando por demonstrar que, tal como o Partido
Comunista, está contra o Governo e as suas medidas troykianas, classificando o programa de mais uma farsa para obrigar os
autarcas…a tomarem de assalto o bolso dos munícipes…das empresas e associações…através
de aumentos brutais de impostos e taxas municipais.
Em regra, as questões governamentais não são tratadas nas Assembleias Municipais, a menos que digam diretamente respeito à vida dos concelhos.
Releva o Bloco que o cenário bejense de dívida
a fornecedores, até 2010, é de € 8.578.016,61 e imputa-a à administração atual para a poder classificar de danosa.
Sabe-se – e foi convenientemente demonstrado - que esta dívida é o corolário de atos de
administração dos executivos anteriores (comunistas) que comprometeram o
orçamento municipal a mais de 20 anos.
Não esclarece o Bloco se aquele montante corresponde ao bolo
da dívida de curto, médio e longo prazo ou apenas à divida de curto prazo (dívida
a fornecedores, no caso com maturidade superior a 90 dias).
Vejamos a realidade dos números:
1.
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Amortizações
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Juros
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soma
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EMPRESTIMOS
DE MEDIO E LONGO PRAZO- 2011
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940.393,61
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255.713,46
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1.196.107,07
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EMPRESTIMOS
DE MEDIO E LONGO PRAZO-PREVISÃO 2012
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1.187.300,00
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244.300,00
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1.431.600,00
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01-01-2011
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31-12-211
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30-09-2012
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VALOR DOS
EMPRESTIMOS DE MEDIO E LONGO PRAZO
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16.483.776,04
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15.676.149,04
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14.899.028,15
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2.
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31-12-211
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30-09-2012
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DIVIDA A FORNECEDORES
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9.310.106,78
€
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7.601.451,17
€
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Como se vê, não obstante os constrangimentos surgidos, a administração socialista conseguiu
reduzir a dívida a fornecedores (dívida de curto prazo) e reduzir a dívida de médio e longo prazo.
3. Em sede de balanço contabilístico (POCAL), a ser aprovado, o
PAEL teria efeito nulo já que retiraria a dívida a fornecedores das contas 22 e
26 e transferi-la-ia para a conta de empréstimos (conta 23). Na tesouraria, o
efeito da necessidade de pagamento imediato, para os anos do empréstimo, acabaria
diluído. Haverá um alívio na pressão de
liquidez necessária à satisfação dos compromissos.
Todavia, os bloquistas entendem que se trata de manobra
pré-eleitoral e afirmam que, a partir de janeiro de 2013, os munícipes bejenses
serão confrontados com a obrigação, decorrente do programa, de duplicar
as taxas municipais nos primeiros anos, quase triplicar as
receitas do IMI e crescer colossalmente a tarifa de resíduos, para além de o
município ter de reduzir os encargos com pessoal em 13,17%, reduzir as transferências para as
freguesias e reduzir os apoios ao movimento associativo.
Esta visão
catastrofista, dramatizada - de
apelo à alma ferida dos munícipes bejenses a braços com a perda de rendimento
do trabalho e desemprego em escala sem precedentes, pelo menos, depois do 25 de abril - de populismo demagógico reprovável a todos os níveis, é um
trabalho de brigada de sapadores de desminagem, de preparação do caminho ao
Partido Comunista para inviabilizar o esforço de apoio à economia local,
sustentando as empresas que telefonam para a Câmara, minuto a minuto, a pedir que
lhes paguem alguma coisa do que lhes é devido.
Não vê o Bloco que a atual Administração
Municipal, já ultrapassou todos os
objetivos previstos no PAEL e, por essa razão, durante o período de
vigência do programa, não vai ser necessário fazer qualquer ajustamento gravoso
em taxas e derramas, IMI, tarifas, pessoal, transferências para as freguesias
ou apoio ao movimento associativo.
Não vê o Bloco que o empréstimo candidatado
ao PAEL é de apenas € 4.352.746,34 porque, até ao momento da elaboração da
candidatura, a dívida de curto prazo já só era de € 6.465.815,44. Como o limite
do programa é de €5.000.000,00, a candidatura está perfeitamente enquadrável.
Não vê o Bloco que o peso do empréstimo
PAEL II terá um impacto de alívio significativo no orçamento de tesouraria do
Município.
O pior dos cegos é
aquele que não quer ver.
Então acha o Bloco que esta conjuntura revelada pelo
executivo é resultado de gestão danosa?
Então acha o Bloco que se chegou a estes resultados à custa
de constantes
incumprimentos da Lei de Finanças Locais?
O Bloco anda a reboque do Partido Comunista. Deixou de ter
autonomia. Está desorientado – e não é caso para menos. Alinha no catastrofismo
e na estratégia do quanto pior melhor.
Os munícipes não vão esquecer e cobrarão na próxima
oportunidade.