sexta-feira, agosto 06, 2004

Os 3 Mosqueteiros

Tratando-se de uma questão nacional, não deixa de ter significado indirecto para a região, sobretudo se tivermos em consideração a actividade económica: aviação comercial.
A TAP/Air Portugal foi a única empresa de bandeira europeia a ter lucros em 2003. Se este facto, por si só, não fosse suficientemente relevante, sê-lo-ía o de tal ter acontecido após 4 anos sucessivos de prejuízos avultados.
A proeza deve-se a uma equipa de três gestores brasileiros: Fernando Pinto (administrador-delegado), Michael Connolly e Luiz Gama Mór.
Quando JMDB nomeou - pela mão do ministro da tutela - o Engº. Cardoso e Cunha para a TAP, muitas foram as vozes discordantes.
Em Maio e Junho deste ano, as vozes da discórdia viram os seus argumentos validados no momento em que saltaram para a ribalta as fricções entre Cardoso e Cunha e Fernando Pinto.
Cardoso e Cunha tinha sede de protagonismo e tentou obtê-lo pela via errada e em contra-mão. Transmitiu para a opinião pública uma imagem de reforço negativo daquela que já possuía quando desempenhou as funções de comissário para a Expo 98, ao por em causa os resultados anunciados por Fernando Pinto, relativamente ao exercício de 2003 da TAP/AP. Como se sabe, o seu nome ficou indelevelmente associado às derrapagens financeiras da Expo e à tolerância inexplicável perante actos de corrupção que vieram a confirmar-se, alguns deles sancionados com penas de prisão.
Agora o ministro de Santana Lopes não teve dúvidas em demitir Cardoso e Cunha. Claro que o fez com a elegância necessária e suficiente. Mas o acto reflecte uma certa mudança de atitude política face a factos insufismáveis.
A equipa de gestores liderada por Fernando Pinto conseguiu uma proeza na Europa e em Portugal. Actuaram enquanto profissionais na definição da estratégia e na consumação dos objectivos. Demonstraram que gestores são gestores. Os outros podem bailar bem no gramado mas não marcam golos.
Esta imagem bem que podería transferir-se para a nossa região, com o ajustamento proporcional à dimensão das organizações públicas, de capitais maioritariamente públicos, autárquicas e de capitais maioritariamente autárquicos.
Os políticos fazem política; os profissionais executam-na. É preciso evitar que, à custa de reformas e mudanças, não se pague às tropas políticas colocando a doméstica, o cão, o gato e o periquito, sempre que uma oportunidade de lugar surge.
O capital intelectual das organizações é o mais valioso dos activos, apesar de intangível. É ele que determina a diferença, a competividade e o sucesso. E a mediocridade política teima em ignorá-lo.
Afinal - diz o povo - mais cego do que o que não vê, é aquele que não quer ver.

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