terça-feira, agosto 31, 2004

Inequidade

Recordo-me de que antes da vinda da 1ª. média superfície comercial para a cidade de Beja, logo as vozes dos Velhos do Restelo se fizeram ouvir, lamentando-se contra a instalação dos Adamastores que vinham destruir toda uma vida de luta e de trabalho dos comerciantes tradicionais.
A Câmara Municipal de Beja beneficiou de uma posição confortável no processo que lhe permitia por um lado, ir dizendo que a vinda daquelas unidades era prejudicial para o comércio tradicional; por outro, que a competência não era sua e nada podia fazer contra. Postura de Pôncio Pilatos.
Mais tarde sempre foi assumindo que a situação não era tão má assim e que até contribuiam para a geração de novos postos de trabalho e de dinamismo económico.
Depois assumiu que o que sería bom era a concorrência entre grupos, já que o 1º praticava preços altos por não ter concorrentes.
Hoje existem 3 médias superfícies em Beja e todas elas contribuiram com obras infraestruturantes para a cidade.
Outras - de diferentes ramos - já manifestaram vontade de se instalarem.
Acontece que agora a competência para a autorização da instalação das superfícies comerciais passou a ser das câmaras municipais e eis que a CMB nega a autorização para a instalação de uma nova superfície idêntica às que já se encontram, mas com potencial de regulação de preços de mercado para baixo, o que traría vantagens para os clientes.
Parece que o argumento volta a ser o de que destrói o comércio tradicional.
Este argumento é falacioso. O comércio tradicional definha em Beja e em qualquer outra cidade por manifesta incapacidade dos seus promotores e não por causa das grandes superfícies.
Falta ao comércio tradicional uma estratégia e uma definição de missão e objectivos; isto é, todos os factores que diferenciam o produto ou a actividade da concorrência, nomeadamente o enfoque naquilo que cada actividade comercial sabe fazer bem.
Os casos de sucesso que conheço - e são muitos - adaptaram-se bem e não têm dúvidas em afirmar que fazem aquilo que as médias e grandes superfícies não podem fazer. Isso é a sua diferenciação do produto.
É por demais evidente que algo de adicional se passará para a sustentação de tal tomada de atitude descricionária que estará muito mais para além das reclamações dos filiados na Associação Comercial do Distrito de Beja.
Se outra não existisse, o facto da manutenção da mesma equipa há 25 anos diz tudo.
Cabe à oposição a responsabilidade decisiva de a substituir no próximo acto eleitoral.

Falta equidade.

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