Começo a estar cansado dos disparates proferidos pelos diferentes membros do governo quando abordam o fenómeno da produtividade.
De forma sistemática confundem produtividade com produção quando estamos em presença de dois conceitos diferentes.
Existem ganhos de produtividade quando, no mesmo período de tempo efectivo de trabalho (por exemplo 1 dia de 7 horas), relativamente ao período anterior, se constata ter realizado mais trabalho consubstanciado em aumento de execução.
Ex: Ontem embalei 100 queijos de Serpa; hoje embalei 102, no mesmo lapso de tempo.
Isto é um ganho de produtividade.
Existem ganhos de produção quando, para se obter um objectivo quantificado maior (mais 2 queijos de Serpa embalados), tenho de trabalhar mais tempo (por exemplo, mais 1 hora).
Tendo embalado mais 2 queijos mas tendo trabalhado mais 1 hora, consegui um aumento de produção mas até diminui a produtividade, já que demorou mais tempo a embalar 2 queijos do que cada par de queijos durante as horas normais de trabalho.
Fácil é compreender que a produtividade não depende apenas da vontade autónoma dos colaboradores. Ela está sujeita a um infindável leque de factores entrópicos que são externos a essa vontade.
É o caso do ambiente externo e interno da organização, a capacidade desta em gerir o seu capital humano, os meios e ferramentas que coloca à disposição dos colaboradores, os estímulos, a definição clara dos objectivos concretizáveis, a satisfação das expectativas em troca, a formação contínua dos quadros das empresas e dos organismos públicos, a competência dos dirigentes e empresários, os públicos alvo, o ordenamento jurídico, a qualidade dos políticos e por aí fora.
Claro que é mais fácil descarregar sobre os colaboradores da Administração Pública (a bruxa má do sistema) e da Administração Privada, o ónus das imcompetências acumuladas destes actores e apregoar em atoardas que os malandros dos trabalhadores portugueses são uns mandriões.
Só não oiço dizer que as estatísticas mostram que 75% dos empresários portugueses não têm condições mínimas para o serem, que reprovaram mais alunos este ano no 12º ano de escolaridade do que no ano anterior sem se ter averiguado porquê, que não há alunos suficientes no primeiro, segundo e terceiro ciclos, no ensino superior, que somos o país da europa comunitária com mais analfabetos, com mais analfabetos funcionais, com mais infoexcluidos, com mais digitoexcluidos e com escolaridade média mais baixa, para não falar de outras misérias como sermos o país com mais adolescentes grávidas ou mães.
Fazê-los calar, não podemos. Podemos é deixar de os aturar.
Ouvi um discurso muito parecido com este, ou hoje ou ontem de manhã, era de um senhor respeitável, Carvalho da Silva, Coordenador da CGTP-IN, só há uma diferença, acho que se fosse natural de beja que colocava na sua apresentação, apenas "Alentejano" e não Baixo alentejano, até pq estas duas palavras soam tão mal, acho muito mais boito Alentejano, recordo-me que quando fui militar e se havia alguém de Niza ou de Barrancos ou de Almodôvar ou de Borba, fosse de onde fosse, quando nos interrogávamos, a resposta era sempre, sou alentejano.
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