quarta-feira, janeiro 26, 2005

Golpe palaciano

Espanto-me com o facto das diferentes televisões e os principais órgão da comunicação social nacionais, ainda não terem pegado no caso. Com tanto lixo informativo que debitam para encher tempos e páginas em momentos de vazio, é estranho que não aproveitem a trágico-novela da Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja - EDAB.
Não vou aqui repetir aquilo que já toda a gente sabe a propósito da jornada de ontem da Assembleia Geral de Accionistas, mas o assunto é demasiado sério para ser esquecido.
Na situação, não está em causa uma luta entre partidos políticos; está em causa uma luta interna dentro do PSD. Uma facção distrital liderada por José Raúl dos Santos - santanista desde sempre - colocou dois dos deus principais agentes no Conselho de Administração, ainda com a presidência do Coronel Santos Nicolau.
Esses dois homens-de-mão de José Raúl dos Santos foram pública e imediatamente contestados pelos representantes mais expressivos do PSD regional, inicialmente com o silêncio do Governador Civil de Beja, João Paulo Ramôa, ao ponto serem classificados como incompetentes em razão das funções para que foram designados.
O novo Presidente do Conselho de Administração da EDAB - Engº. Mourato Grilo - num momento de limite da tolerância, assumiu afirmar publicamente as entropias que reinavam no CA da EDAB, particularmente promovidas pelo vogal José Gaspar. E foi ao ponto de considerar a ele e ao colega, inaptos para as funções, embora por outras palavras. Indiciou tratarem-se de nomeações meramente políticas em ordem a obedecer a uma estratégia de domínio de uma facção do PSD não dominante na região.
Decorre daqui que o novo CA, com excepção do Presidente, obedecia a interesses pessoais e não de projecto. As definições do que se passava foram acontecendo até que o copo transbordou. José Gaspar já tinha uma lista significativa de admissões de pessoas para os quadros e consultores preparada para executar, garantindo desta forma o controlo do projecto para satisfação das tropas políticas.
Até que João Paulo Ramôa não pode mais conter-se e pediu o despedimento dos dois membros do Conselho de Administração que estavam na origem de toda a polémica. Estavam institucionalmente abertas as hostilidades.
José Gaspar - o grande alvo a abater pelos social-democratas - veio para a comunicação social tentar branquear a sua imagem mas os acontecimentos de ontem vieram mostrar o embróglio de interesses envolvendo Secretário de Estado, José Raúl dos Santos e José Gaspar.
O accionista Estado convocou os accionistas maioritários que lhe obedecem para fazer prosseguir uma AG suspensa com outra Mesa que não a legitimada, para fazer valer os objectivos previamente determinados e contrários à vontade dos restantes accionaistas.
Antes, Já Luís Serrano - em representação do accionista NERBE - de forma emotiva, apelava à união de esforços de todos os que apostam no projecto para, se necessário, proceder a uma revolução que trave tal vergonha.
Por muito que se diga, José Gaspar não conseguirá já limpar a sua imagem, tanto mais que os seus prosélitos de partido o elegeram como inimigo público número um.
Afinal, ele é a personagem principal do golpe palaciano perpetrado pelo accionista Estado.

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