terça-feira, janeiro 25, 2005

A hora da objectividade

À semelhança do todo nacional, a nossa região - em muito menor escala, claro está - vai ouvindo arremessos proferidos pelos diferentes candidatos a deputados da Nação. Desenvolveu-se uma pré-campanha pela negatividade. Do ponto de vista das ciências promocionais, a estratégia escolhida é desaconselhada; do ponto de vista político, espelha a qualidade dos protagonistas.
A propósito de qualidade, importa dizer que este factor-crítico de sucesso é definido pelo cliente e, em política, o cliente é o cidadão eleitor.
Os analistas mais consagrados - aqueles que se baseiam em sondagens elaboradas por métodos estatísticos rigorosos - apontam para uma hipótese de grande probabilidade de aumento da abstenção. Esta abstenção indicia a insatisfação dos clientes face aos produtos que lhes são oferecidos; isto é, face às expectativas que os consumidores têm, os fornecedores de soluções não correspondem em vantagens competitivas suficentemente credíveis que os diferenciem da concorrência.
Hoje os consumidores estão muito mais esclarecidos; têm acesso à informação relevante que lhes permite cruzar elementos e estabelecer o seu próprio benchmarking.
Os comícios de hoje são geralmente povoados por pessoas que se gostam de ver na televisão, de estar ao lado de figuras públicas, de aparecer em acontecimentos de alguma relevância social, de agitar bandeiras e estandartes e com pouco dinheiro na carteira. Sim, que comício é de borla e ainda dá direito à bandeira, ao boné, à esferográfica, ao emblema e ao lanche.
Poder-se-ía dizer que no futebol ou num cortejo carnavalesco também se pode fazer o mesmo. É verdade, mas custa dinheiro.
A pobreza dos fornecedores é directamente proporcional à dos consumidores.
Um outro indicador preocupante é o desinteresse da juventude ( eleitores entre os 18 e os 35 anos de idade ) pela política e pela cidadania. Os partidos - tal qual a sociedade - estão velhos. A obsolescência do conhecimento dos quadros que protagonizam os chamados lugares intermédios da pirâmide é confrangedora. Mas não largam a pultrona nem dão lugar aos outros. Entendem que uma vez conseguido o lugar, é para toda a vida. Não há avaliação de desempenho nem opositores com garra suficiente para os pôr na rua.
O resultado está à vista.
Vamos entrar na campanha eleitoral propriamente dita. É preciso saber o que é que os partidos concorrentes às eleições têm para nos oferecer. É preciso que o digam, com objectividade. Os cidadãos baixoalentejanos querem saber o que cada um fará pela região se for governo. Sem rodeios, sem demagogia. Não querem papagaios. Querem ouvir soluções da boca de quem pensa o diz e que diz o que pensa.

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