sexta-feira, janeiro 20, 2006



Bem, agora temos de mostrar nas urnas o que não queremos. Mas também o que queremos.

Eu não quero nem pensar que tenha de suportar, durante 5 anos, a rigidez matricial, o corporativismo, o arrogante poder financeiro, a direita frustrada.

Não quero nem pensar que tenha de me imaginar menos inteligente, mais equivocado, menos certo, menos apto.

E também não quero o neo-liberalismo, despido dos valores da solidariedade social, da coexistência democrática, da transparência de processos, da igualdade de oportunidades e mesmo da doutrina social da igreja (ainda que seja agnóstico).

Não quero para o meu país a arrogância dos novos ricos, dos ociosos que entendem que os pobres são lixo humano e que se redimem do pecado da ganância batendo com a mão no peito e fazendo voluntariadozinho porque os xás de caridade cairam em desgraça.

Não quero a destruição da classe média que sustenta o Orçamento de Estado.

Mas quero um padrão de vida equilibrado que permita que os casais possam ter filhos e educá-los convenientemente.

Quero segurança quando deixar de ser activo para o trabalho e serviços de saúde eficazes e eficientes quando deles necessitar.

Quero que a minha Pátria (conceito bem mais abrangente do que país) seja bem representada no mundo e respeitada.

Quero que os quase 1000 anos de história de Portugal curvem os representantes dos nossos parceiros comunitários quando nos apresentamos.

Quero posicionar-me nos rankings comunitários médios.

Quero alguém de respeito que consiga fazer ouvir a nossa voz, fazer ver a nossa bandeira e ouvir o nosso hino.

Quero alguém que seja a voz da razão, do bom-senso, da tolerância, do diálogo, da concertação, da dignificação das instituições, da crença no nosso potencial.

Quero que os meus concidadãos voltem a acreditar na classe política e que a juventude crie apetência por ela.

Quero menos opolência, esbanjamento, mesquinhês, mediocridade, facilitismo, xicoespertismo.

Quero ver toda a gente a querer ir votar como nos primeiros actos eleitorais do pós 25 de Abril. Quero essa crença, essa ansiedade, essa felicidade.

Quero acreditar.

Quero Mário Alberto Nobre Soares.