As políticas regionais estão naturalmente condicionadas pelas macropolíticas. Estas definem a idéia, a visão, a missão e os objectivos.
Quando se entra em gestão ou nomeia um novo Primeiro Ministro, existem compassos de espera inultrapassáveis que atrasam todos e quaisquer processos dependentes de decisões das respectivas tutelas. Por vezes coisas bem simples tornam-se complicadas e adquirem custos demasiado significativos para as regiões (que não há maneira de existirem no concreto, com excepção das autónomas).
O processo de substituição do governo - independentemente de se gostar ou não - numa análise um pouco mais à distância e a frio, afigura-se interessante, inovadora em Portugal e detentora de uma reengenharia de processos digna de um case study.
Veja-se que, mesmo do ponto de vista da imagem, tudo correu como planeado. Sabe-se que em qualquer congresso ou seminário, à excepção de questões de pormenor relevantes, as conclusões estão previamente elaboradas e deliberadas.
O Dr. JMDR sai pela porta da frente; não abandona o navio perante a ameaça de naufrágio. É chamado a prestar um serviço público transnacional que dignifica e honra a Nação e a Nação é-lhe grata por isso.
Porém a realidade é outra e está dissimulada como tantos epísódios da nossa história de mais de 900 anos. O governo Barroso tinha uma morte anunciada; indicadores mostravam um capital de imagem deficitário e uma popularidade dos ministros a bater no fundo. Os desaires acumulavam-se e redundavam em fracasso eleitoral a meio do mandato.
Ainda atordoado pela felicidade passageira (não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe) oferecida pelo Euro 2004 e pelo desempenho geral de todo o evento, o povo dá indícios de serenidade. As Instituições também parecem funcionar e o país entrou de férias, apesar da substituição do governo e do PM ter sido operada em tempo recorde.
Uma de duas coisas pode estar a acontecer: ou o povo considera que tudo está bem, em equilíbrio, ou está à espera da oportunidade de ouro para desferir o golpe de misericórdia sobre os políticos da Terceira República.
A reentrada esclarecerá o que vai na alma do verdadeiro titular do poder.
Melhor do que as minhas palavras, o mail de um amigo pode espelhar o sentimento contido e expectante, através de uma das alegorias da tartaruga, de autor desconhecido:
Enquanto suturava uma laceração na mão de um velho lavrador (ferido por um caco de vidro indevidamente deitado na terra), o médico e o doente começaram a conversar sobre Santana Lopes.
E o velhinho disse:
- Bom, o senhor sabe...o Santana é uma tartaruga num poste...
Sem saber o que o camponês quer dizer, o médico perguntou o que era uma tartaruga num poste.
A resposta foi:
- É quando o senhor vai por uma estradinha e vê um poste da vedação de arame farpado com uma tartaruga equilibrando-se em cima dele. Isto é uma tartaruga num poste...
O velho camponês olhou para a cara de espanto do médico e continuou com a explicação:
- Você não entende como ela chegou lá;
- Você não acredita que ela esteja lá;
- Você sabe que ela não subiu para lá sozinha;
- Você sabe que ela não deveria nem poderia estar lá;
- Você sabe que ela não vai conseguir fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;
- Então tudo o que temos a fazer é ajudá-la a descer de lá!
Eu acrescento: Sem escadote.
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