quarta-feira, julho 14, 2004

Menos ais

As cidades que conheço do nosso país, na sua maioria, possuem uma logísta de salubridade urbana que lhes permite manter um padrão de qualidade ambiental aceitável. As excepções confirmam a regra.
Ao nível do equipamento, esta logística nuns casos é melhor, noutros nem por isso. O destaque concretiza-se pelas equipas humanas.
Há anos que Beja criou fama de cidade limpa; há anos que se deitou a dormir à sua sombra.
A época estival denuncia a fragilidade da logística de salubridade: as ruas não são lavadas, a recolha contentorizada falha, as voltas de recolha são cortadas, não há fiscalização do trabalho, o lixo transportado pelo vento acumula-se nas pracetas, os carros de aspiração são antecedidos por funcionários equipados com sopradores que levantam enormes poeiredos, as areias não são retiradas dos passeios e ruas depois das obras terem sido realizadas, as sargetas entopem.
A meu ver já atingimos um estado de despodor e laxismo sem precedentes.
A Praça da República - supostamente um espelho do que de melhor se pode ter na matéria - não vê limpeza há meses e nunca foi lavada. O cenário está implantado por debaixo do nariz de Carreira Marques.
Se a amostra está exposta à porta do "estabelecimento", não admira que o "armazém" apresente deficiências ainda maiores.
A Câmara possui viaturas de dimensões diferentes, equipadas com automatismos de aspiração e lavagem. A aspiração funciona; os equipamentoas de lavagem, em muitas delas, foi retirado.
Seguramente que nas vias mais estreitas, as viaturas não passarão. Mas existem mangueiras e equipamentos manuais para resolver esses problemas.
O lixo doméstico acumula-se à volta dos contentores, sejam de recolha seleccionada o tradicionais porque há menos voltas de recolha e as que existem são encurtadas. Mas vemos as equipas paradas à hora de serviço em tudo quanto é café aberto, o que denuncia falta de acompanhamento e fiscalização por parte das chefias dos serviços respectivos.
É urgente devolver à cidade a qualidade urbana que tinha; os padrões de salubridade; os níveis de manutenção; a conservação do mobiliário urbano.
Os critérios de qualidade têm de ser aplicados à gestão da coisa municipal, sendo que qualidade é aquilo que o cliente tem como expectativa relativamente a um determinado bem ou serviço, sendo ele (cliente) quem a define. Os clientes, no caso, são os munícipes. Às organizações (leia-se Câmara, EMAS e outras), cabe-lhes ir ao encontro dessas expectativas e, sempre que possível, surpreender os clientes, superando-as.
O primeiro passo é a abertura do município aos munícipes. Pode parecer um lugar comum mas é a chave que abre a porta do sucesso.
Aos autarcas - deputados municipais e vereadores - cabe-lhes andar mais a pé, de bicicleta e de autocarro pela cidade e frequentar mais lugares públicos para não perderem o contacto com a realidade. A cabeça etá enterrada há demasiado tempo na areia.

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