O desaire eleitoral autárquico do Partido Socialista - não em numero bruto de votos mas em número bruto de órgãos - fez estalar o verniz mal os militantes se refizeram do desgosto.
Embora as medidas impopulares do governo se revistam de coragem no sentido de refrear a má administração da coisa pública, dos sistemas de protecção social e o corporativismo - mais aceso do que antes do 25 de Abril - a verdade é que uma parte significativa dos eleitores não gostou do "pacote" de José Sócrates, por impetuoso, cego e nivelador por baixo. Isso fez-se reflectir ao nível local.
Para cúmulo - se não me falha a memória - em todos os concelhos em que houve participação de Sócrates na campanha, os candidatos perderam e, supostamente, em muitos deles, ganhariam.
Entre nós, veja-se o caso de Moura.
Mas não podem assacar-se todas as culpas a Sócrates.
Em Federações como a de Lisboa, já a luta se afigura áspera, a avaliar pelas declarações de António Raposo.
Na Federação de Beja, António Camilo não hesitou em recomendar a demissão de Luís Ameixa.
Na Concelhia de Beja, igualmente é sugerida a demissão de Manuel Monge, já se sabe, pelo menos pelo ex-director de campanha de Carlos Figueiredo.
Não tenho dúvidas que, face aos resultados obtidos, não há mais condições para que os líderes concelhios perdedores e o líder da Federação Regional do Baixo Alentejo se mantenham em funções. O mínimo que podem fazer, desde já, é apresentarem a sua demissão, saindo pela porta da frente e facilitar a reengenharia interna, evitando guerras desnecessárias e transmitindo para a opinião pública uma imagem positiva e pedagógica como deverá ser o símbolo de um partido com pergaminhos nessa matéria.
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A "coisa" parece-me mais complicada. Ou eu muito me engano ou começou a oposição interna (no PS) a Sócrates e ao governo. E esta costuma ser a mais demolidora... Vamos ver depois das presidenciais...
ResponderEliminarÉ verdade.
ResponderEliminarA minha experiência de 31 anos de militância dizem-me que se avizinham duras lutas internas.
Se não fosse a grande capacidade de postura democrática interna (mesmo que artificial nalguns casos), certamente haveria "sangue".
Mas é assim nas organizações políticas que detêm poder. Há sempre invejosos e desgostosos que querem tirar o tapete aos instalados. Estes, por seu turno, são sempre homens e mulheres isolados, mesmo que muito acompanhados.