quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Insípido

É o mínimo que se pode apelidar o debate a 5 - 1 de ontem à noite.
Anunciado como único em toda a campanha, acabou por gorar as expectativas.
Se é que é possível indicar um vencedor, esse acabou por ser Jerónimo de Sousa. Limitado por afonia progressiva, abandonou o debate e o pouco que conseguiu dizer pautou-se pela objectividade. Afinal o poder de síntese também é importante no discurso político, já não havendo lugar para fidelisses (de Fidel de Castro).
Em boa verdade, Os líderes dos principais partidos - PSD e PS - aqueles que protagonizam as verdadeiras alternativas governativas, não estiveram à altura de esclarecer convincentemente o que farão se forem governo.
Para José Sócrates, foi uma oportunidade quase perdida de mostrar, ponto por ponto, o que fará a partir do dia 21 de Fevereiro de 2005, já que o grau de probabilidade de vitória é de mais de 95%.
O mesmo não se pode dizer da maioria absoluta; os indecisos e desgostosos com a classe política não se agradaram com a prosa, a avaliar pelas conversas que já mantive com algumas pessoas.
Este é o problema de fundo: o descrédito dos políticos. José Sócrates não está a conseguir explorar esta frustração do eleitorado. Cansados de lutar pela sobrevivência, de ver reduzidos os seus parcos recursos cada vez que se aperta o cinto e de não saberem o que fazer para orientar os seus filhos, os eleitores das classes menos favorecidas e, particularmente, a classe média - o sustentáculo absoluto do Tesouro - sentem alguma raiva quando confrontados com a incapacidade endémica do sistema e dos políticos.
Temo que a abstenção seja elevada e que os votos de protesto acabem por provocar sérios danos colaterais. Se tal acontecer, o país mergulhará numa nova e perigosa crise de instabilidade.
Anseio que, até Sexta-feira, o PS consiga tirar um ou outro coelho da cartola para convencer os desiludidos.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Coloque aqui o seu comentário