Um especialista em transportes afirmou quarta-feira à noite que as duas linhas ferroviárias de alta velocidade (TGV) cujos traçados vão abranger o Alentejo, na ligação Lisboa/Évora/Madrid e Évora/Beja/Faro, são essenciais para colocar a região na "rota" do desenvolvimento.
Jorge Paulino Pereira, docente no Instituto Superior Técnico de Lisboa e especialista na área dos transportes, garantiu em Beja, numa conferência sobre "O Impacto das Novas Tecnologias de Transporte no Baixo Alentejo", que a rede ferroviária de alta velocidade vai desempenhar um papel importante no desenvolvimento de todo o Alentejo.
Durante a iniciativa, promovida pela Câmara Municipal de Beja e pelo Rotary Club, na biblioteca local, Jorge Pereira, autor de vários estudos sobre o TGV, a ligação Lisboa/Madrid, passando por Évora, vai transformar o papel daquela cidade alentejana, que passará a estar a cerca de 45 minutos de distância da capital.
"Évora vai tornar-se numa cidade suburbana de Lisboa, tal como aconteceu em Espanha com Ciudad Real, que dista 150 quilómetros de Madrid mas que, depois do TGV, ficou uma cidade suburbana", disse.
Desta forma, a cidade alentejana, sublinhou, passará a constituir "uma alternativa a Lisboa", no que respeita à habitação, educação, transportes e indústria.
Quanto a Beja, que também vai ser abrangida pela rede ferroviária de alta velocidade, na ligação Évora/Faro, em direcção a Huelva e Sevilha, poderá desempenhar "um papel fundamental na região Sul do País", defendeu o professor universitário.
"Fui o primeiro a propor a ligação, através de Beja, entre Évora e Faro. Considero que Beja, pelas características que possui e com os vários projectos que vai albergar na área dos transportes, pode transformar-se na cidade mais importante da região Sul", argumentou.
Sobre as críticas que têm sido feitas à linha Évora/Faro, nomeadamente por parte de autarcas do Algarve, que defendem um traçado alternativo por Sines/Barlavento, Jorge Paulino disse à Lusa que o traçado definido "é o mais vantajoso e correcto".
"Estas infraestruturas só funcionam se tiverem um carácter integrado e é em Beja que passa o IP-2, que tem de ser concluído, e está prevista a construção de um aeroporto e do IP-8, que vai possibilitar a ligação ao porto de Sines e à fronteira espanhola", disse.
Confessando-se "um grande adepto do TGV", projecto no qual Portugal "já devia ter investido há mais tempo" porque a ligação ferroviária convencional "não é rentável e só dá prejuízo", Jorge Paulino argumentou ainda que a construção da rede de alta velocidade - conclusão prevista para 2018 - "devia ser abreviada".
"Quanto mais depressa tivermos a alta velocidade, mais depressa avança o desenvolvimento do País. O défice da CP é enorme e o que interessa é ter infraestruturas ferroviárias rentáveis. O projecto devia ser abreviado e construído a pensar no futuro", frisou.
O TGV deve começar a ser construído em 2006 e contempla cinco linhas (Lisboa-Porto, Lisboa-Madrid, Porto-Vigo, Aveiro- Salamanca e Évora-Faro-Huelva), representando um investimento aproximado de 12,5 mil milhões de euros.
In Boletim de Notícias Alentejo Press
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