segunda-feira, junho 28, 2004

Dicas

O Baixo Alentejo é titular da maior taxa de desemprego do país e da Uni?o Europeia (regionalmente falando, entenda-se). O score nacional situa-se nos 4,7% (O que me parece muito bom se o compararmos com os valores espanhóis e alem?es, por exemplo), enquanto que o Distrito de Beja atinge os 5 649 desempregados inscritos.
Destes, a esmagadora maioria s?o mulheres. Destas, a maioria n?o possui a escolaridade mínima obrigatória (consoante a data de nascimento).
E s?o desempregados de longa duraç?o (inscritos há mais de doze meses na base de dados do IEFP), ou desempregados de muito longa duraç?o (inscritos há mais de doze meses na mesma base de dados).
É também a maior regi?o da UE (geograficamente falando) e possui a maior freguesia da Uni?o: S. Teotónio.
Tem o maior potencial de desenvolvimento do Sul.
E, na Capital de Distrito, nada mais nada menos, do que tr?s Universidades Privadas e um Instituto Politécnico com tr?s Escolas Superiores e ainda Uma Escola Superior de Enfermagem. Tem cinco escolas do 2? e 3? Ciclos do Ensino Secundário Educaç?o, n?o sei quantas Escolas do Primeiro Ciclo do Ensino Básico e outras tantas ditas Profissionais.
Tem o Centro de Formaç?o Profissional tecnologicamente mais avançado. A Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (que deveria ser a verdadeira Ag?ncia de Desenvolvimento do Baixo Alentejo).
A maior rede ferroviária do mesmo espaço geográfico (embora n?o pareça e esteja na calamidade que se sabe, excepcionando-se o ramal da SOMINCOR). Faço aqui um par?ntesis para lembrar que a História nos ensina que é a ferrovia que trás desenvolvimento. As auto-estradas (embora importantes), levam-no.
Tem o maior porto de mar de águas profundas da Europa (Sines).
Vai ter o terceiro maior aeroporto do país. E, se tudo correr bem, de novo a melhor rede rodoviária de todo o Alentejo.
Tem infra-estruturas de apoio social e cultural: bibliotecas, centros culturais, centros desportivos, infantários, clubes, piscinas de água quente, turismo de todos os tipos e para todos os gostos e muita qualidade de vida.
Mas n?o tem o fundamental: massa crítica humana capaz de fazer despoletar o desenvolvimento.
Os mais capazes n?o t?m encontrado pólos de atracç?o para se fixarem, criar raízes e ficar. T?m contribuído para o desenvolvimento de outras regi?es, quer portuguesas, quer europeias.
Um número considerável de organizaç?es públicas e privadas s?o lideradas por pessoas muito capazes que vieram de outras regi?es e que gostaram e gostam de cá viver e trabalhar.
Mas n?o chegam. Esses e os que s?o genuinamente locais. Os mais capazes, claro está.
E quando isso se passa, corre-se o sério risco da instalaç?o da mediocridade e da decad?ncia de valores. E o ciclo vicioso da pobreza, como nos países em vias de desenvolvimento.
Sendo uma regi?o de forte potencial desenvolvimentista, dotada das infra- -estruturas de base mais importantes e com as maiores dotaç?es orçamentais de que há memória, porque n?o acontece o desenvolvimento?
Dinheiro n?o falta (veja-se quantas seguradoras e quantos bancos já abriram em Beja). Faltam sim, as pessoas para o aplicar.
E que dizer dos encaixes do Tesouro por via fiscal: um luxo!
Se a massa crítica humana capaz de promover o desenvolvimento n?o existe, há que a importar. E para a importar é necessário "vender" a regi?o e criar atractivos ? fixaç?o de pessoas.
E para "vender" a regi?o n?o pode ser através de site's na internet que, para além de se revestirem de uma pobreza de criatividade confrangedora e de péssimo gosto estético (os olhos comem mais do que a boca), n?o s?o actualizados desde Abril deste ano!
Que dizer ent?o do Netcentre, especialmente construído para as empresas e actualizado em Novembro!

Editado em 1999.11.09 para o "Programa Factos e Opini?es" da Rádio Voz da Planície.

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